Anistia do 8/1 não tem possibilidade jurídica ou política, diz Randolfe
A anistia aos presos pelo 8/1 não é possível pelo meio jurídico ou político, defendeu o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) em entrevista ao UOL News desta quarta (30).
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), anunciou na terça-feira (29) a criação de uma comissão especial para analisar o projeto de lei da anistia aos presos e condenados pelos atos golpistas. Na prática, o movimento atrasa a tramitação da proposta, já que a comissão precisará de ao menos 40 sessões do plenário antes de proferir um parecer.
A anistia é um instituto que, via de regra, no nosso ordenamento e nossa história constitucional, ocorre em decorrências de crimes políticos e como instrumento de pacificação. Não é o caso.
Os crimes que foram cometidos pelos envolvidos em 8 de janeiro foram crimes comuns: depredação, atentado contra o patrimônio público, tentativa de golpe de Estado. Isso não é crime político, isso é crime comum.
Em segundo lugar, não vejo possibilidade política. A que pese a força, a presença expressiva da extrema direita no Parlamento, mas tenho muito confiança na serenidade do conjunto de forças democráticas aqui que compreendem que a tramitação, a aprovação de uma matéria dessa natureza seria uma profunda e desnecessária exposição política para o Parlamento.
É óbvio que é natureza da extrema direita sempre fazer barulho e procurar galvanizar esse tema. Esse tema se tornou uma bandeira deles, porque os presos, como eram coordenados por eles, estavam a mando deles e buscavam concretamente desestabilizar a democracia brasileira e implementar um golpe de estado, então tem corresponsabilidade entre os autores e aqueles que estão presos. Então há uma pressão sobre eles [os autores]. Mas não vejo, no momento de hoje, apoio político com relação à política favorável a isso.
Randolfe Rodrigues, senador
O senador reforçou que o governo tem se mobilizado e orientado votos contra ao PL da anistia.
[O governo] é contra com todas as letras da palavra e com todo esforço que pudermos fazer aqui para evitar [a aprovação da anistia]. Inclusive, buscando, procurando e dialogando com os partidos da base aliada sobre indicação de membros que farão para essa dita comissão especial na Câmara dos Deputados.
Josias: Allan dos Santos é prisioneiro de sua nova realidade no EUA
De acordo com o colunista Josias de Souza, o blogueiro Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira, é prisioneiro de sua nova realidade nos Estados Unidos.
Santos divulgou recentemente que está trabalhando como motorista de aplicativo em Orlando. "Não deixarei de fazer jornalismo, mas tenho prioridades, contas e não faço acordos com criminosos", escreveu.
É uma situação adversa que ele preferia não enfrentar. Ele tinha uma vida confortável. Ele se diz jornalista, na verdade, ele é um ativista da ultradireita. Tomou um lado, é um partidário do Bolsonaro e fez o que estava ao seu alcance para privilegiar esse lado, inclusive, difundiu mentiras nas redes sociais. E essas redes eram monetizadas, davam a ele uma vida muito confortável no Brasil. Ele foi para os Estados Unidos, num primeiro momento continuou com a vida confortável e hoje o que se percebe, ele próprio diz: 'tenho boletos para pagar'.
Josias de Souza, colunista do UOL
Assista ao comentário:
Tales: Bolsonaro é carta quase invisível até no baralho político da direita
Mais cedo no UOL News, o colunista do Tales Faria disse que A ida de Jair Bolsonaro ao Senado para negociar a anistia a ele próprio e aos golpistas envolvidos no 8 de janeiro mostra como o ex-presidente se tornou um personagem irrelevante até mesmo dentro da direita.
Ninguém no Congresso está muito a fim de dar anistia ao Bolsonaro. Na eleição, ele mostrou ser capaz de trair até o PL e Valdemar [Costa Neto, presidente do partido]. Traiu a direita toda, o [Ronaldo] Caiado [governador de Goiás], Ratinho [Júnior, governador do Paraná], [Ricardo] Nunes [prefeito reeleito de São Paulo], [Pablo] Marçal... Traiu todo mundo.
Tales Faria, colunista do UOL
Assista ao comentário:
Josias: Valdemar deve querer se reaproximar de Lula da forma mais esquisita
Em outro comentário, Josias de Souza ironizou dizendo que o caso da falsa filiação de Lula ao PL deve esconder um desejo de reaproximação entre Valdemar Costa Neto e o presidente da República.
É realmente incômoda esta descoberta de que um sujeito pode entrar no sistema do TSE pelas vias normais e inserir uma falsa filiação de um personagem notório como Lula. A despeito da notoriedade, ele virou um filiado do PL.
Deve ser um desejo incontido do Valdemar Costa Neto [presidente do PL] de voltar às boas com Lula. Valdemar já foi parceiro dele em aventuras políticas no passado. O vice do Lula nos seus primeiros mandatos foi José Alencar, que foi filiado ao PL e saiu em 2005, quando se descobriu que o partido havia se lambuzado naquele escândalo do mensalão.
Josias de Souza, colunista do UOL
Tales: PL precisa de alta punição em falsa filiação de Lula
O PL tem grande parcela de responsabilidade no caso da falsa filiação do presidente Lula (PT) ao partido e precisa ser punido com rigor pelo TSE, afirmou o colunista Tales Faria.
É um absurdo que não haja uma grande punição. Se o TSE dá ao partido a possibilidade de decidir sobre a filiação de alguém, ele precisa ser altamente responsabilizado sobre isso. Até porque há essa possibilidade de, em fazendo uma filiação, ser desfeita aquela que uma pessoa tiver com outro partido.
Primeiro: tem que haver uma alta responsabilização do PL. Segundo: o próprio Tribunal precisa ter um esquema de checagem. Não se pode automaticamente desfazer uma filiação a um partido a partir de um pedido de outra sigla. Esse esquema está errado.
Tales Faria, colunista do UOL
Assista ao comentário:
O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.
Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.