O colunista Reinaldo Azevedo disse no Olha Aqui! desta quinta (10) que o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), ao descreditar o papel do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nas eleições municipais da capital, entra em cena para marcar o território bolsonarista e defender as ambições de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao UOL, ele disse que os votos de Ricardo Nunes, candidato à reeleição pelo MDB, vieram de seu pai e não de Tarcísio.
Disse isso e ainda tratou o governador como um idiota, porque a frase é assim: 'Acredito que os votos que foram para o Nunes tenham vindo do meu pai, não do Tarcísio. Até porque, se meu pai apontasse e falasse ninguém escuta Tarcísio, Tarcísio não ia ter poder' (...). Ou seja, o Tarcísio depende do meu pai, o Tarcísio é só uma costela do meu pai. Se meu pai apoiar o Tarcísio existe, se meu pai não apoiar, o Tarcísio não existe. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Reinaldo afirmou que os Bolsonaro perceberam o movimento para troca de guarda na direita.
Eu noto que o próprio Tarcísio já havia feito uma declaração falando que o Bolsonaro é um grande líder e tal. Isso depois da bronca do [Silas] Malafaia e depois da entrevista do [Gilberto] Kassab [presidente do PSD] ao UOL, em que ficou claro que tanto o Malafia como o Kassab, o que eles estão fazendo é vislumbrando uma troca de guarda na direita. E o Carluxo não é trouxa, eles não são. Eles, obviamente, perceberam isso e, obviamente, perceberam que o Tarcísio pode ter autonomia de voo dependendo muito menos do Bolsonaro do que depende hoje.
Se ele for abraçado pelo establishment político da direita e da extrema direita, ele não depende tanto assim do Bolsonaro, até porque sobraria a Bolsonaro apoiar quem? Tarcísio não é nenhum idiota, ele percebe isso. Bolsonaro não será candidato. Ele gosta de fingir que será, mas ele não será. Não há a menor chance de ele recuperar a elegibilidade dele. Assim como, se se votar um projeto de anistia que pudesse abranger Bolsonaro, o Supremo vai dizer que é inconstitucional. Isso é certo como dois e dois são quatro. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Reinaldo destaca ainda que, embora cria de Bolsonaro, Tarcísio pode se rebelar.
[Bolsonaro] tem ambições, ele tem aspirações. E aí o Carluxo entrou em cena. E não entrou sem o conhecimento do pai. Note que o Kassab é um dos alvos dele aqui. (...) O Kassab é um estrategista, o partido dele está crescendo, só fez crescer desde que existe, está com um pé em cada canoa (...). Quem ajudou a fazer esse frentão aqui em São Paulo foi o Kassab. Então vem o Carlos e diz: 'Nós ainda somos'. Ele fala muito de nós, da nossa experiência, falando que política passa por diálogo — achei interessante ele criticando o Marçal, como se eles dialogassem bastante. Dizendo: 'Não, passa por aqui, passa pelo meu pai'.
O Tarcísio só existe porque o meu pai existe, o que é uma verdade factual. Não fosse o Bolsonaro inventar o Tarcísio candidato, o Tarcísio não seria candidato. Como é verdade também que o Tarcísio resistiu à ideia (...) Sim, ele é uma cria do Bolsonaro, ele é uma criatura do Bolsonaro. Agora, a vocação de toda criatura, isso vem lá da mitologia grega e foi sendo referendada ao longo do tempo, a natureza da criatura é se revoltar contra o criador. Sempre. (...) É preciso que a amizade realmente seja muito forte para que não aconteça. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
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