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Kamala Harris aposta em podcasts e programas de TV para alcançar eleitorado jovem e feminino

10/10/2024 12h41

Faltando menos de um mês para as eleições presidenciais nos Estados Unidos, a candidata democrata Kamala Harris aposta alto. Depois de aparecer em célebres programas da TV americana, a vice-presidente agora foca na participação em podcasts e aborda temáticas típicas do público jovem e feminino. 

Depois de ser entrevistada por Oprah Winfrey, a quem revelou que tem uma arma em casa para proteção pessoal, e por Stephen Colbert, do canal de TV CBS, com quem bebeu uma cerveja, Kamala Harris, de 59 anos, mira também nas ondas sonoras. 

Nesta semana, ela participou do célebre podcast "Call Her Daddy", da apresentadora Alexandra Cooper, e do Howard Stern Show, estrela da rádio Sirius XM. Longe do público tradicional do programa "60 Minutes" de Colbert, a líder democrata investe em mídias alternativas, com o objetivo de falar aos jovens e, mais precisamente, às mulheres.

"Um plano que me parece lógico", afirmou ao site MSNBC a ex-porta-voz da Casa Branca Jean Psaki, rebatendo críticas dos republicanos, segundo quem Harris preferiria responder a perguntas fáceis. Para a analista política, as questões que a líder democrata vem abordando em suas entrevistas "são muito mais preciosas" que os assuntos tratados nas mídias tradicionais. 

Sexualidade e saúde mental 

No podcast "Call Her Daddy", no domingo (6), Kamala falou sobre sexualidade e saúde mental, sem deixar de comentar sobre um assunto tabu nos Estados Unidos, o acesso ao aborto, restringido pela Suprema Corte americana em 2022. A vice-presidente também aproveitou para apontar que seu rival, o candidato republicano Donald Trump, prometeu recentemente que se for eleito será "o protetor das mulheres", mas nomeou, durante seu mandato, três juízes conservadores que votaram pelo cancelamento do decreto Roe vs. Wade, que permitia que mulheres interrompesses gestações indesejadas. 

A participação de Harris em "Call Her Daddy" ganhou um imenso destaque nas mídias americanas, com uma apresentação descrita como "descontraída" e "serena". A imprensa dos Estados Unidos também foi unânime em observar o poder de alcance do podcast, o segundo mais ouvido no Spotify americano em 2023, e o primeiro na preferência da audiência feminina no país. 

Já na rádio Sirius XM, a candidata democrata escolheu um tom ainda mais pessoal, abordando a relação com sua mãe, que faleceu em 2009. Harris contou ainda sua rotina de exercícios físicos pela manhã e sua admiração pelo piloto britânico de Fórmula 1 Lewis Hamilton. A desenvoltura foi tamanha que Harris foi classificada de "genial" pelo apresentador Howard Stern. 

Trump investe em eleitorado masculino e conservador

Harris não é a única a investir em outras formas de alcançar seu público alvo. Seu rival Donald Trump também vem aparecendo em podcasts populares entre o público conservador, principalmente os ouvidos por homens. 

Para Kenneth Miller, professor em Ciências Políticas na universidade de Nevada, em Las Vegas, as plataformas alternativas são cada vez mais eficazes para os candidatos comunicarem seus programas aos eleitores. Segundo ele, "as mídias tradicionais fazem perguntas ruins".

O especialista ainda aponta, no entanto, diferenças nas escolhas dos dois rivais. "Trump procura as mídias amigáveis", enquanto "Harris busca mídias que lhe deem acesso aos eleitores que ela precisa, principalmente os de menos de 50 anos e os independentes".

Entre as semelhanças na aposta nesta estratégia de campanha, o cientista político destaca o gosto de Harris e Trump pelas novas mídias. Nesta semana, Trump comentou a uma rádio de Los Angeles que esse tipo de comunicação é "uma terapia" para ele. Algumas horas depois, a entrevista que Kamala Harris concedeu ao Howard Stern era difundida, coincidentemente, também descrevendo essas aparições em mídias não tradicionais como "uma espécie de terapia". 

(Com informações da AFP)

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