Papa Francisco adverte cúpula do Vaticano contra agendas pessoais e defende reformas
Por Joshua McElwee
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco abriu uma cúpula católica global nesta quarta-feira com uma advertência de que os delegados não deveriam tentar impor agendas pessoais durante a assembleia, uma aparente tentativa de evitar que as discussões empaquem em questões divisivas, como a ordenação de mulheres.
Em uma missa na Praça de São Pedro para abrir o evento, conhecido como Sínodo dos Bispos, ele disse às centenas de cardeais, bispos e leigos participantes que não tratassem suas contribuições na cúpula de um mês de duração como "agendas a serem impostas".
"Caso contrário, acabaremos nos fechando em diálogos entre surdos, em que os participantes procuram promover suas próprias causas ou agendas sem ouvir os outros."
A cúpula do Vaticano, que tem como objetivo traçar o futuro da Igreja Católica e inclui 368 membros votantes de mais de 110 países, recebeu protestos de críticos conservadores do papa em uma sessão anterior no ano passado.
Os críticos expressaram preocupação especial com os planos de discutir bênçãos para casais do mesmo sexo e de permitir que as mulheres sejam diáconas - ministras da Igreja ordenadas como padres, mas que não podem celebrar missas.
Mas as críticas dos setores conservadores têm sido atenuadas neste ano, pois a maioria das questões mais quentes da cúpula foi designada para grupos de estudo que farão relatórios finais somente no próximo mês de junho.
Francisco disse aos delegados nesta quarta-feira que eles deveriam estar "prontos até mesmo para sacrificar (seu) próprio ponto de vista para dar vida a algo novo."
PAPA DEFENDE REFORMAS
Mais tarde nesta quarta-feira, na primeira sessão de trabalho da cúpula, Francisco pareceu responder aos católicos conservadores que no ano passado criticaram duramente algumas de suas recentes reformas ao sínodo.
Uma das principais mudanças envolveu os integrantes da reunião.
Nas décadas passadas, as sessões do sínodo tinham principalmente cardeais, bispos e padres como membros votantes plenos. Mas, no ano passado, Francisco introduziu reformas para aumentar o número de membros leigos e incluiu mulheres como membros com pleno direito ao voto pela primeira vez. Cerca de 60 mulheres serão membros votantes novamente em 2024.
Os católicos conservadores criticaram a decisão de incluir leigos como membros votantes, dizendo que isso poderia colocar em risco a estrutura de autoridade da Igreja.
O papa disse aos membros do sínodo nesta quarta-feira que "agiu em continuidade" com uma série de reformas importantes realizadas pela Igreja na década de 1960, que enfatizaram o papel de todos os católicos na instituição global.
Ele também alertou sobre o perigo de "colocar a hierarquia contra os fiéis leigos", acrescentando: "Certamente não se trata de substituir um pelo outro... Em vez disso, estamos sendo convidados a trabalhar juntos."
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