Com alta da nota da Moody's, Brasil fica a um passo do grau de investimento
A agência internacional de classificação de risco Moody's Investor Service elevou a nota de crédito soberano do Brasil de Ba2 para Ba1, apenas um nível abaixo do grau de investimento. A perspectiva para a nota, também chamada de rating, foi mantida positiva.
O que aconteceu
A Moody's anunciou no final da tarde desta terça-feira (1o.) a decisão de aumentar a nota do país. Agências como a Moody's analisam qual é a probabilidade de um país ou empresa pagar suas dívidas, de acordo com a sua situação financeira, e indicam para os investidores quão seguro é colocar seu dinheiro neles. No nível Ba1, o Brasil segue na categoria de especulação, ou seja, ainda é considerado um destino arriscado para investimentos. Mas a perspectiva positiva sinaliza que o país está a caminho de ser considerado um país seguro, que recebe o grau de investimento.
A elevação reflete a melhoria no perfil de crédito do Brasil, que esperamos que continue, incluindo um crescimento econômico mais robusto do que o esperado e o avanço de reformas econômicas e fiscais.
Moody's Investor Service
Segundo a agência, o desempenho econômico no Brasil está surpreendendo positivamente desde 2022 devido a fatores cíclicos e ao impacto de reformas estruturais. A Moody's afirmou que, neste ano, tanto a indústria quanto o setor de serviços vêm crescendo fortemente, apoiados em um aumento dos investimentos produtivos, o que reforça as expectativas da agência de que esse bom desempenho vai se manter.
Nos próximos anos, esperamos que o crescimento continue se estendendo pelos setores, com a demanda doméstica impulsionada por um mercado de trabalho relativamente forte e renda real mais alta.
Moody's Investor Service
A agência ponderou que a credibilidade do arcabouço fiscal brasileiro é moderada, o que se percebe pelo relativamente alto custo de sua dívida. No entanto, conforme a política fiscal for se adequando ao novo arcabouço, a dívida deve se estabilizar no médio prazo, mesmo que em um nível elevado.
O Tesouro Nacional comemorou a melhora da nota. Para o órgão de governo, a elevação reflete "o reconhecimento dos avanços nas contas públicas, de um cenário propício ao crescimento e da solidez dos fundamentos da economia brasileira", segundo comunicado publicado em seu site.
Expectativa e melhora gradual
Na semana passada, o presidente Lula se encontrou com as agências de risco em Nova York. Durante viagem aos Estados Unidos para discursar na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reuniram-se com representantes da Moody's e da Standard & Poor's.
"Não faz sentido o país não ter grau de investimento." Haddad afirmou à imprensa que acreditava na recuperação do grau de investimento do Brasil, destacando que até os representantes das agências consideravam injustificável o país não ter essa classificação.
O presidente busca elevar a nota de crédito do país até o fim do mandato. Haddad acrescentou que Lula espera que o Brasil suba mais um nível no grau de investimento até o final de 2026. "O presidente sabe que é um grande desafio, mas estamos trabalhando para alcançar esse objetivo", disse o ministro.
O Brasil ganhou grau de investimento pela primeira vez em 2008. A nota foi dada pela agência S&P, que foi seguida pelas demais. Em 2015, o país perdeu o selo de bom pagador e ficou com uma nota especulativa de investimento. Na época, o país foi rebaixado por uma deterioração nas contas públicas.
O que é classificação de risco
A classificação de risco, ou rating, é a nota dada a uma empresa, um país, um título de dívida ou uma operação financeira para medir o risco de crédito. Serve para indicar a capacidade de um país ou empresa pagar suas dívidas e as chances de não conseguir, atrasando o pagamento ou dando calote. O rating soberano refere-se especificamente à qualidade do crédito de um país ou estado ou de seu Banco Central.
Os investidores usam os ratings para tomar decisões na hora de aplicar seu dinheiro. Por exemplo, a nota ajuda a escolher onde investir ou quanto cobrar de juros do país ou empresa que vai receber o investimento para compensar riscos maiores.
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