Israel lança operações terrestres no sul do Líbano e orienta habitantes a evitar a área
Na madrugada de terça-feira (1), Israel anunciou ter iniciado operações terrestres "limitadas, localizadas e direcionadas" contra alvos do Hezbollah em uma área fronteiriça no sul do Líbano, acrescentando que a aviação e a artilharia israelenses estavam realizando ataques de apoio. O exército israelense aconselhou que habitantes evitem a região.
Há mais de uma semana, o exército israelense continua bombardeando o Líbano, com o objetivo de erradicar o Hezbollah.
"Combates violentos estão ocorrendo no sul do Líbano", escreveu Avichai Adraee, porta-voz do exército israelense, em uma mensagem publicada em árabe no Telegram, nesta terça-feira. "Para sua segurança pessoal, pedimos que não se desloquem em veículos do norte para o sul do Litani", acrescentou, referindo-se a um rio libanês, acusando o Hezbollah de usar civis como "escudos humanos".
Em um discurso, o número dois do Hezbollah, Naim Qassem, anunciou que um novo líder do movimento xiita seria nomeado "o mais rápido possível" para substituir Hassan Nasrallah, assassinado na semana passada.
Ele acrescentou que o Hezbollah estava "preparado" no caso de uma "ofensiva terrestre" lançada por Israel.
Mais de mil mortos
Desde o início dos bombardeios, em 23 de setembro, mais de 1.000 pessoas morreram, em sua maioria civis, segundo o ministério da Saúde do Líbano, e 6.000 ficaram feridas. Os bombardeios de segunda-feira resultaram em 95 mortes, de acordo com o ministério.
Cerca de um milhão de pessoas foram deslocadas. A ONU fez um apelo nesta terça-feira pela criação de um fundo de US$ 400 milhões para ajudar os deslocados.
O Líbano enfrenta "uma das fases mais perigosas de sua história", alertou nesta terça-feira o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, exortando as Nações Unidas a fornecerem ajuda para "um milhão" de deslocados pelos ataques israelenses ao país.
"Cerca de um milhão de nossa população foi deslocada devido à guerra devastadora que Israel está travando no Líbano", e "fazemos um apelo urgente por mais ajuda para os civis deslocados", disse Najib Mikati, citado pela agência de notícias libanesa.
Em entrevista à RFI, Hasni Abidi, diretor do Centro de Estudos e Pesquisas sobre o Mundo Árabe e Mediterrâneo, em Genebra, comentou a intervenção terrestre de Israel no sul do Líbano, que, segundo ele, aparece como uma continuação lógica dos bombardeios israelenses que ocorrem há uma semana.
Segundo o especialista, Israel busca tirar o máximo proveito de seus sucessos militares repetidos contra o Hezbollah. "É a continuação de uma virada que começou com o assassinato de Nasrallah e os sucessos militares repetidos do exército israelense. Parecia impossível para Israel pôr fim aos ataques contra seu território sem uma intervenção terrestre."
França toma medidas de precaução
Um porta-helicópteros da marinha francesa estava sendo abastecido por precaução para se posicionar no oeste do Mediterrâneo caso seja necessário retirar cidadãos franceses do Líbano, segundo o ministério do Exército. A França tem cerca de 20 mil cidadãos no país.
A companhia alemã Lufthansa anunciou que vai prolongar a suspensão de voos entre Beirute até 30 de novembro ao invés de 26 de outubro, data inicialmente prevista, diante do recrudescimento dos ataques israelenses no Líbano.
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