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Prefeito de Mazan, palco do caso Pelicot, se desculpa por declarações polêmicas

20/09/2024 09h40

O prefeito de Mazan, localidade do sul da França onde ocorreu grande parte dos estupros do caso Pelicot, pediu desculpas por declarar em uma entrevista à BBC: "Ao final das contas, ninguém morreu". 

"Me acusam de minimizar a gravidade dos atos criminosos desprezíveis dos quais os condenados são acusados (...) Compreendo que esses comentários choquem e lamento isso sinceramente", escreveu Louis Bonnet em sua página no Facebook. 

Esse político de direita de 74 anos governa Mazan, a localidade de 6.000 habitantes onde ocorreu a maioria dos estupros contra Gisèle Pelicot, que um tribunal julga em Avignon desde 2 de setembro. 

O principal dos 51 acusados é seu marido, Dominique Pelicot, de 71 anos, que administrou às escondidas em sua agora ex-esposa ansiolíticos entre 2011 e 2020 para adormecê-la e estuprá-la ao lado de dezenas de desconhecidos. 

Em uma reportagem divulgada pela BBC sobre Mazan, "dilacerada pelo horror", um fragmento de 11 segundos da entrevista do prefeito se tornou viral nas redes sociais, provocando uma onda de indignação. 

O prefeito declara neste fragmento: "Poderia ter sido pior, não houve nenhuma criança envolvida, nenhuma mulher assassinada. Será difícil para a família, mas poderão refazer suas vidas. Ao final das contas, ninguém morreu". 

"Quero pedir desculpas, em particular às mulheres que se sentiram feridas pelo constrangimento de certas palavras pronunciadas sob pressão ante o microfone de um meio de comunicação estrangeiro", escreveu no Facebook. 

Bonnet, que criticou a "incessante pressão midiática" com o julgamento, assegurou que essa história afetou sua localidade. "Mas sou plenamente consciente de que não é comparável ao sofrimento de Gisèle Pelicot e de sua família", acrescentou. 

Esse julgamento, um símbolo da violência masculina e da submissão química, despertou grande interesse internacional, especialmente quando a principal vítima se recusou a permitir que ele fosse realizado a portas fechadas para que "a vergonha pudesse mudar de lado".

san-sia/tjc/es/dd/aa

© Agence France-Presse

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