Polêmica na França por perfil da possível futura ministra da Família
A possível entrada no governo do presidente Emmanuel Macron da senadora conservadora Laurence Garnier como titular dA pasta da Família gerou controvérsias na França por suas posições passadas contra o matrimônio homoafetivo e a garantia ao aborto na Constituição.
Garnier, de 46 anos, está na lista de ministros e secretários de Estado que o novo primeiro-ministro francês, o conservador Michel Barnier, apresentou na noite de quinta-feira a Macron para sua nomeação, segundo várias fontes dos partidos que integrarão o governo.
A oposição de esquerda, que se recusou a participar do "governo de unidade" desejado por Macron para superar a atual crise política na França, qualificou rapidamente a proposta como uma "imensa provocação", segundo a deputada esquerdista Sarah Legrain.
O presidente de centro-direita também teria advertido Barnier sobre o "perfil delicado" da senadora, segundo um conselheiro do Executivo. Membros da aliança de Macron também teriam expressado preocupação e não se descarta que seu nome seja retirado da lista.
Caso se confirme sua nomeação, o perfil seria o oposto da atual ministra em exercício da Infância, Juventude e Famílias, a centrista Sarah El Haïry, que tornou pública sua homossexualidade e sua gravidez mediante reprodução assistida.
As posições de Garnier, do partido conservador Os Republicanos (LR), sobre sexualidade preocupam. Em 2013, opôs-se, em vão, ao matrimônio homoafetivo e participou das manifestações contra a aprovação desse direito.
Em 2021, a ex-funcionária do grupo PSA Peugeot Citroën também se opôs a criar um crime contra as terapias de conversão, cujas práticas controversas buscam impor a heterossexualidade às pessoas homossexuais.
E, em fevereiro, opôs-se sem sucesso à inclusão na Constituição da liberdade garantida ao aborto, uma votação histórica que tornou a França o primeiro país do mundo a blindar essa prática em sua Carta Magna.
Seus críticos lembram que, como vice-presidente responsável pela Cultura na região Pays de la Loire entre 2015 e 2020, deixou sem subsídios o festival de cinema LGBTQIA+ Cinépride de Nantes, por considerar que promovia a gestação de substituição.
A composição final do governo é esperada para o domingo. Barnier optou por governar com a aliança de centro-direita de Macron e o LR para tentar conquistar uma maioria estável no Parlamento, cuja sobrevivência dependerá da extrema direita, ante a rejeição da esquerda.
ama-tjc/meb/dd/fp
© Agence France-Presse
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