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15 ações que podem pagar dividendos acima da Selic de 10,75% ao ano

Petrobras e Cemig são as mais indicadas da lista para quem busca dividendos  - Getty Images
Petrobras e Cemig são as mais indicadas da lista para quem busca dividendos Imagem: Getty Images
do UOL

Colunista do UOL

20/09/2024 09h38

A Selic subiu para 10,75% ao ano e pode ter espaço para novas altas ainda em 2024. Diante disso, há 15 ações na Bolsa brasileira que podem pagar um retorno em dividendos (dividend yield) superior à taxa básica de juros.

Nomes como Metal Leve (LEVE3), Petrobras (PETR4) e Vulcabras (VULC3) se destacam entre os maiores rendimentos. A projeção é de Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria. É considerada a premissa de que as empresas devem manter a mesma política de distribuição de dividendos dos últimos 12 meses e ter um lucro igual ou maior ao registrado no último ano.

Quais ações podem pagar mais de 10,75% nos próximos 12 meses?

Veja qual é o retorno em dividendos (dividend yield) projetado para os próximos 12 meses:

  1. Metal Leve (LEVE3): 25,29%
  2. Vulcabras (VULC3): 17,78%
  3. Petrobras (PETR4): 17,62%
  4. Auren (AURE3): 17,29%
  5. Bradespar (BRAP4): 16,01%
  6. Petrobras (PETR3): 15,99%
  7. Copasa (CSMG3): 15,47%
  8. Even (EVEN3): 15,13%
  9. Anima (ANIM3): 14,87%
  10. Cemig (CMIG4): 13,46%
  11. Vale (VALE3): 12,45%
  12. Siderúrgica Nacional (CSNA3): 12,27%
  13. Brasilagro (AGRO3): 12,03%
  14. Metalúrgica Gerdau (GOAU4): 11,75%
  15. Cemig (CMIG3): 10,78%

Fonte: Elos Ayta Consultoria. Dados até 18/9

Quanto estas ações pagaram no último ano?

Veja qual foi o retorno em dividendos (dividend yield) realizado nos últimos 12 meses. A diferença do retorno esperado para o próximo ano também é decorrente do preço da ação nesse intervalo:

  1. Metal Leve (LEVE3): 15,66%
  2. Vulcabras (VULC3): 14,96%
  3. Petrobras (PETR4): 18,66%
  4. Auren (AURE3): 13,64%
  5. Bradespar (BRAP4): 12,82%
  6. Petrobras (PETR3): 17,04%
  7. Copasa (CSMG3): 21,04%
  8. Even (EVEN3): 14,36%
  9. Anima (ANIM3): 13,82%
  10. Cemig (CMIG4): 16,02%
  11. Vale (VALE3): 10,42%
  12. Siderúrgica Nacional (CSNA3): 11,79%
  13. Brasilagro (AGRO3): 11,41%
  14. Metalúrgica Gerdau (GOAU4): 10,82%
  15. Cemig (CMIG3): 10,25%

Fonte: Elos Ayta Consultoria. Dados até 18/9

Considere o histórico

Além de projeções, é muito importante o investidor levar em conta o histórico de remuneração. Isso serve para entender se os dividendos são recorrentes ou fruto de algum evento extraordinário e se tem potencial dessa remuneração se repetir. Rivero aconselha observar a mediana dos últimos cinco anos, para uma visão mais conservadora. Em companhias com menor tempo de Bolsa, foi calculada a mediana desde a abertura de capital.

Quanto essas empresas pagaram na mediana dos últimos cinco anos?

  1. Metal Leve (LEVE3): 11,23%
  2. Vulcabras (VULC3): 3,89%
  3. Petrobras (PETR4): 18,66%
  4. Auren (AURE3): 12,08%
  5. Bradespar (BRAP4): 12,93%
  6. Petrobras (PETR3): 17,04%
  7. Copasa (CSMG3): 10,81%
  8. Even (EVEN3): 2,26%
  9. Anima (ANIM3): 0%
  10. Cemig (CMIG4): 9,92%
  11. Vale (VALE3): 10,42%
  12. Siderúrgica Nacional (CSNA3): 11,71%
  13. Brasilagro (AGRO3): 10,73%
  14. Metalúrgica Gerdau (GOAU4): 10,82%
  15. Cemig (CMIG3): 8,78%

Fonte: Elos Ayta Consultoria. Dados até 18/09

Quais companhias estão com endividamento controlado?

Diante do novo ciclo de alta dos juros, ter o endividamento controlado é fundamental para que as companhias possam ter saúde financeira, com crescimento dos seus negócios e, ao mesmo tempo, consigam remunerar os seus acionistas.

Segundo os analistas consultados pela coluna, as empresas da lista que teriam o endividamento mais controlado são: Vulcabras (VULC3), Metal Leve (LEVE3), Petrobras (PETR4), Metalúrgica Gerdau (GOAU4), Cemig (CMIG4) e Vale (VALE3).

A Vulcabras, dona das marcas Olympikus, Mizuno e Under Armour, quase não possui dívidas. A alavancagem da companhia é negativa, de -0,08 vezes o indicador dívida líquida sobre ebitda, aponta Gabriel Duarte, analista da Ticker Research - tem mais caixa do que dívida. "A companhia é pouco endividada e vem entregando resultados crescentes nos últimos anos", diz.

Nos últimos dois anos, essa também foi a situação da Metal Leve (LEVE3). Ela estava com mais caixa do que dívida, lembra Bruno Oliveira, analista CNPI do Projeto Vida de Acionista. Mas atualmente a Metal Leve possui uma dívida líquida sobre ebitda de 0,68 vezes. Oliveira destaca que a dívida líquida da empresa está aumentando gradativamente conforme novos projetos da companhia entram em andamento, contudo essa alta faz parte dos planos e cronograma da empresa. "Não considero esse endividamento preocupante", reforça o analista.

Já no caso da Petrobras, além de ter um alavancagem controlada de 1,13 vezes dívida líquida sobre ebitda, o endividamento da empresa não é atrelado à Selic. Duarte explica que a dívida da petroleira é dolarizada e isso é benéfico para a empresa, porque o cenário no exterior é de queda nos juros.

Quais são as mais interessantes para dividendos no momento?

Petrobras (PETR4) e Cemig (CMIG4) são as melhores opções apontadas pelos especialistas.

Duarte explica que a Petrobras é uma das maiores petroleiras do mundo, com expertise em águas profundas. Além de ter um endividamento baixo, a companhia possui um baixo custo de extração de petróleo. "Isso faz com que ela tenha boa capacidade de geração de renda ao acionista, mesmo em momentos de queda no preço do barril de petróleo", pontua.

O analista cita que a Petrobras está barata e que o governo ainda precisa dos dividendos para ter maiores receitas. No curto prazo, o DY pode passar de 12%, diz Júlio Borba, analista da Benndorf Research, e por isso é a melhor alternativa para quem busca dividendos robustos no curto prazo.

Entre os riscos de investir na empresa, Borba enumera a possibilidade de um subsídio exagerado aos combustíveis. Mas isso está longe de acontecer dado o patamar atual da inflação, que ainda não extrapolou os limites. Outro ponto de atenção seria um aumento no capex (investimentos), o que também não vem ocorrendo porque a economia está crescendo, na visão do analista.

No caso da Cemig, o setor no qual a companhia está inserida oferece uma certa previsibilidade na geração de receitas. Enquanto a empresa possui um endividamento controlado, que permite que ela invista em crescimento e ainda assim gere renda através de proventos, diz Duarte. A elétrica também possui uma margem operacional acima de 20% nos últimos anos e um Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) na casa dos 18%. "Esses indicadores sinalizam uma rentabilidade adequada considerando as características da companhia", avalia Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest.

Biz acredita que a Cemig tem potencial de entregar dividendos robustos nos próximos 12 meses, diante de possíveis resultados fortes para as elétricas. O motivo é que com as secas afetando o país, algumas hidrelétricas estão com dificuldade de gerar energia, o que poderia elevar os preços da energia no mercado livre, beneficiando o resultado de algumas empresas inseridas neste segmento.

Ainda entre as empresas consideradas como oportunidade, os analistas enxergam dividendos interessantes para Vulcabras (VULC3), Metalúrgica Gerdau (GOAU4), Copasa (CSMG3), Vale (VALE3), Bradespar (BRAP4) e Metal Leve (LEVE3).

Cuidado! Pode ser furada

Há algumas companhias na lista que podem acabar não entregando o dividendo projetado pelo levantamento e com as quais é melhor ter cautela na hora de investir. São estas: Auren (AURE3), Anima (ANIM3) e Even (EVEN3).

A Auren deve passar por um ciclo de dois a três anos sem dividendos robustos. Mas ao término deste período pode ter remunerações generosas, apontam os analistas. O motivo é a aquisição recente da AES Brasil (AESB3), que deve elevar o endividamento. "Se o processo de integração da companhia ocorrer dentro do esperado, a Auren poderia se tornar uma gigante no segmento de geração com capacidade de oferecer fortes distribuições", avalia o analista do GuiaInvest. Contudo, ainda muita coisa pode acontecer até a companhia atingir esse patamar.

Em relação a Anima, a companhia tem conseguido entregar bons números, mas o setor segue enfrentando desafios. "Pode ser uma armadilha para o investidor que busca renda. Por isso ficaria de fora", aconselha Duarte. Observando os pagamentos dos últimos cinco anos, a companhia só remunerou os seus acionistas nos últimos 12 meses e passou quatro anos sem pagar proventos.

Já no caso da Even, a companhia possui um endividamento elevado, de 2,25 dívida líquida sobre ebitda. Além disso, Oliveira destaca que o aumento dos juros pode acabar penalizando os seus resultados, dado que empresas de construção civil costumam ser mais sensíveis a Selic. O setor no qual atua também não é perene, o que inviabiliza a companhia para uma estratégia de dividendos de longo prazo.

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