Relatório revela defeito em motor de Airbus A350 da Cathay Airlines que gera risco de "sérios incidentes"
O problema no motor do Airbus A350 que levou ao cancelamento de dezenas de voos da companhia aérea Cathay Pacific, no início de setembro, poderia ter causado "danos significativos". Esta é a conclusão de uma investigação das autoridades de Hong Kong publicada nesta quinta-feira (19), que alertou para o risco de "sérios incidentes".
A companhia aérea de Hong Kong suspendeu temporariamente sua frota de A350 enquanto realizava inspeções e reparos, após uma aeronave que ia para Zurique ter sido forçada a voltar para Hong Kong em 2 de setembro.
As verificações após o voo revelaram um "buraco visível" em uma mangueira de combustível, "fuligem preta na parte traseira do motor principal", o que indica sinais de incêndio", e outros vestígios de fogo, detalha o relatório preliminar da Autoridade de Investigação de Acidentes Aéreos de Hong Kong (AAIA).
Uma das hipóteses é que o combustível possa ter escapado pelo cano rompido e causado um incêndio que se espalhou para outras áreas ao redor.
"Se esta situação não tivesse sido rapidamente detectada e corrigida, poderia ter se transformado em um incêndio mais sério no motor, causando danos significativos à aeronave", descreve o relatório, que classifica o incidente como "sério".
O motor é fabricado pela Rolls-Royce. A AAIA recomendou à Agência de Segurança da Aviação da União Europeia que a empresa "desenvolva informações de aeronavegabilidade contínua, incluindo, mas não se limitando, a exigências de inspeção das mangueiras de coletor de combustível secundário" dos motores em questão.
A fabricante de motores afirmou que continua trabalhando em "estreita colaboração" com os reguladores para ajudar na investigação. Segundo a AAIA, "o motor e o sistema da aeronave detectaram e resolveram rapidamente o problema, como é esperado em tal incidente", disse um porta-voz.
Aviso de incêndio após decolagem
Em seu relatório, os investigadores de Hong Kong alegaram que a tripulação do avião da Cathay viu um aviso de incêndio no motor número dois logo após a decolagem. A tripulação então emitiu o sinal de emergência máxima "Mayday", mas depois corrigiu a chamada, indicando apenas uma situação urgente.
O aviso de incêndio apagou após 59 segundos, após a tripulação desligar o motor e utilizar um extintor. O relatório preliminar de quinta-feira "deve ser considerado provisório", disse um porta-voz.
Questionada pela AFP, a Airbus se recusou a comentar o caso, "pedindo que as pessoas entrem em contato com a AAIA". Componentes de 15 dos 48 aviões da frota A350 da Cathay, equipados com motores Rolls-Royce, tiveram que ser substituídos, segundo especialistas.
Cinco outras mangueiras de combustível do avião com destino a Zurique, construído em 2019, também foram encontradas com "cabos trançados de metal desgastados ou estruturas danificadas".
Inspeções
O incidente da Cathay levou outras companhias aéreas a realizar verificações semelhantes em seus modelos A350-900 e A350-1000, que são movidos por motores Rolls-Royce Trent XWB-84 e XWB-97, respectivamente.
A Agência Europeia para a Segurança da Aviação também solicitou inspeções nos A350-1000, lembrando que existem 86 aeronaves desse tipo em serviço em todo o mundo. No entanto, disse que as inspeções obrigatórias dos motores Airbus A350-900 "não se justificam nesta fase".
A Rolls-Royce defendeu seus motores Trent XWB-97 e disse que está tomando medidas para melhorar sua durabilidade. O A350 é a maior aeronave da fabricante europeia desde o fim da produção do gigante A380 em 2021, capaz de transportar até 500 passageiros na versão 1000.
Com informações da AFP
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