Possível retorno do horário de verão anima comércio, bares e restaurantes
O possível restabelecimento do horário de verão no Brasil é aguardado com entusiasmo pelo comércio e o setor de bares e restaurantes. A mudança dos relógios em uma hora é avaliada como positiva por aumentar a circulação de pessoas devido ao período maior de luz natural.
O que aconteceu
Governo estuda retomada do horário de verão. "Vamos avaliar o contexto, e é muito provável que a gente proponha o horário de verão ao governo para uma decisão final", declarou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em entrevista à rádio Itatiaia na última segunda-feira (16).
Silveira prevê volta do horário de verão em 30 dias. Segundo o ministro, ainda há tempo para planejar a medida para trazer "impactos apenas positivos para a população". Ele afirma que a necessidade de reestabelecer o horário de verão considera o "horário de pico entre 18h e 20h", período em que cessa a energia solar no Brasil. "É o momento em que a gente deixa de gerar a [energia] solar, diminui a eólica e precisamos despachar a térmica", explica.
Ministro nega existir risco de crise energética. Silveira avalia que o reestabelecimento do horário de verão é adequado para limitar os efeitos da atual escassez hídrica no país e limitar a elevação das contas de energia elétrica. A seca citada por ele resultou no acionamento da bandeira vermelha 1 em setembro. A medida aumenta em R$ 0,04463 as contas de luz a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos.
Nós temos que aumentar a segurança e a resiliência do sistema para garantir energia para todos os brasileiros.
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia
Entusiasmo
Bares e restaurantes são favoráveis à retomada. O setor estima que o adiamento dos relógios em uma hora eleve o faturamento em até 15%. "A implementação do horário de verão maximiza o uso da luz natural, prolongando as horas de sol ao final do dia, o que incentiva atividades econômicas e sociais durante esse período", diz Paulo Solmucci, presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes).
Para os bares e restaurantes, o horário de verão se traduz em maior movimentação e faturamento durante as horas estendidas de sol, o que é um efeito colateral extremamente positivo.
Paulo Solmucci, presidente da Abrasel
Comércio também prevê melhora com a medida. Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo) destaca que o setor é benéfico para a venda de bens e o setor de serviços. "Alguns segmentos do ramo de serviços, como bares e restaurantes, são mais positivamente impactados. Outras atividades varejistas também são beneficiadas tendo em vista o maior tempo disponível para compras", destaca.
Há uma óbvia correlação entre o tempo visitando operações comerciais e o valor total gasto. Essas vantagens mais que compensam os custos adicionais pelo funcionamento alongado do comércio.
Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Ibevar
Ramo de festas e eventos também demonstra otimismo. Cacá Lima, diretora operacional da Abrafesta (Associação Brasileira de Eventos), avalia que a mudança de 60 minutos reflete em um "ganho gigantesco". "O aumento de luz natural oferece dias mais longos e, como isso, mais produtivos. Eventos diurnos acabam ficando mais diversificados e ampliam a oferta de festivas, encontros e happy hours", ressalta ela.
Horário de verão também beneficia o mercado de trabalho. Lima destaca ainda que as festividades prolongadas estimulam a contratação de mais profissionais. "Aumentam as horas de shows, festivais e eventos e oferecemos uma empregabilidade de mais tempo", afirma a diretora da Abrafesta. "Nosso empenho é tornar visível essa força de trabalho e garantir um MEI de eventos para trabalhar de forma formalizada", completa.
Entidades veem efeito positivo para toda a economia. "O horário de verão é uma medida que beneficia a sociedade como um todo. Ele proporciona mais tempo para o lazer após o expediente, estimula o turismo, melhora a segurança pública e contribui para a economia de energia", reforça Solmucci.
O horário de verão costuma aquecer muitas áreas do comércio, turismo, bares e restaurantes.
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia
O que é o horário de verão
Medida foi adotada pela primeira vez em 1931. O decreto assinado por Getúlio Vargas estabelecia a alteração dos relógios em todo o território nacional. O horário de verão deixou de ser estabelecido em 1967 e só voltou a operar em 1985, devido a problemas de produção de energia nas usinas hidrelétricas.
Alterações marcam adoção do horário de verão. Até 2008, a duração da medida variava e tinha datas distintas. Foi quando Lula estabeleceu uma mudança definitiva e determinou que a operação ocorresse entre o terceiro domingo de outubro e o terceiro domingo de fevereiro.
Horário de verão não é realizado desde 2018. Durante o primeiro ano de seu mandato, o ex-presidente Jair Bolsonaro extinguiu a medida. Na ocasião, o governo se apoiou em um estudo do Ministério de Minas e Energia que não via benefícios significativos na redução do consumo de energia. A justificativa dada na época foi a mudança no comportamento de consumo da população.
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