Líder do Hezbollah promete vingança contra Israel após ataque de pagers e walkie-talkies no Líbano
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, reconheceu nesta quinta-feira (18) que seu partido recebeu "um duro golpe, sem precedentes na história do Líbano" em alusão às explosões mortais dos pagers e walkie-talkies do grupo. Ele alertou Israel que sua resposta seria "terrível".
Enquanto Nasrallah fazia seu discurso, transmitido ao vivo, aviões israelenses sobrevoaram Beirute em baixa altitude, quebrando a barreira do som, segundo informações de correspondentes da AFP e da agência de notícias oficial libanesa Ani.
"O inimigo queria matar nada menos que 5.000 pessoas" explodindo os pagers e walkie-talkies nas mãos de membros de seu partido na terça (17) e quarta-feira (18), disse Nasrallah.
Ele acusou Israel de ter "ultrapassado todas as linhas vermelhas" e advertiu que o país receberá um "castigo terrível e uma represália à altura do seu ataque, quando menos e onde espera", ameaçou. Nasrallah disse que não daria detalhes sobre "o momento, o local ou a natureza" da resposta que estaria sendo preparada pelo seu partido.
Centenas de pagers walkie-talkies e usados pelo Hezbollah, aliado do Hamas, explodiram em todo o Líbano na terça e quarta-feira em um ataque sem precedentes, que matou 37 pessoas e feriu quase 3.000. Hassan Nasrallah afirmou que o Hezbollah abriu uma investigação interna sobre as explosões, que não foram reivindicadas por Israel.
Ele também garantiu que seu movimento continuaria a atacar Israel a partir do Líbano, em apoio ao Hamas palestino, "até o fim da agressão em Gaza". Dirigindo-se aos líderes israelenses, também disse que eles "não poderiam trazer para casa" os moradores do norte de Israel deslocados pelos confrontos na fronteira. "A única maneira (de fazer isso) é parar a guerra em Gaza".
O Hamas também reagiu após o discurso de Nasrallah e agradeceu o apoio do Hezbollah. O líder do partido libanês prometeu manter a pressão sobre Israel, até a obtenção de um cessar-fogo na guerra na Faixa de Gaza. Em um comunicado, o movimento palestino declarou que o discurso de Nasrallah impedia "projetos que atrapalhariam o apoio a nosso povo e à resistência na Faixa de Gaza".
O Irã também demonstrou seu apoio ao Hezbollah, em tom de ameaça. "Esses atos terroristas, que são, sem dúvida, uma amostra do desespero e dos sucessivos fracassos do regime sionista, em breve receberão uma resposta esmagadora da frente de resistência", disse o general Hossein Salami, chefe da Guarda Revolucionária, segundo a agência de notícias oficial iraniana IRNA.
A "frente de resistência" contra Israel, ou "eixo da resistência", inclui movimentos apoiados pelo Irã na região, como o Hamas, o Hezbollah, os rebeldes houthis no Iêmen e grupos iraquianos.
Israel ataca alvos do Hezbollah
O Exército israelense disse na quinta-feira que estava atacando alvos do Hezbollah no Líbano em uma tentativa de restaurar a segurança no norte de Israel, como parte de novos planos aprovados pelo Estado-Maior.
Os militares anunciaram a morte de dois soldados no norte de Israel nesta quinta-feira. De acordo com Canal 12, um canal de notícias israelense, um deles foi morto por um drone e o outro por um míssil antitanque disparado pelo Hezbollah do sul do Líbano.
Em um comunicado divulgado pouco antes de um discurso de Nasrallah, o Exército israelense disse que estava realizando operações "para restaurar a segurança no norte de Israel que permitiriam o retorno dos moradores às suas casas". Esta é uma das novas metas estabelecidas pelo governo de Benjamin Netanyahu na guerra contra o Hamas e seus aliados regionais.
Em seu comunicado, o país disse que o Hezbollah transformou o sul do Líbano em uma "zona de combate". Em outro comunicado, as autoridades israelenses disseram que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Herzi Halevi, aprovou recentemente os planos para a região norte.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou na quarta-feira que a guerra estava entrando em uma nova fase e se deslocando para a fronteira norte com o Líbano, para onde soldados e recursos seriam transferidos.
EUA pedem que Hezbollah pare ataques em Israel
Os EUA pediram nesta quinta-feira ao Hezbollah que pare com os "ataques terroristas" contra Israel.
Segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, Nasrallah "poderia parar os ataques terroristas" contra Israel. "Garanto que se o fizesse, insistiríamos com Israel sobre a necessidade de 'manter a calma' do seu lado", declarou à imprensa o representante de Washington.
"Enquanto o Hezbollah lançar ataques terroristas além de sua fronteira (com Israel), é claro que Israel lançará ações militares para se defender, como qualquer outro país faria", acrescentou Miller.
Em 1997, os Estados Unidos incluíram o Hezbollah em sua lista de organizações "terroristas", sujeitas a sanções econômicas e bancárias. Desde 2013, a União Europeia também considera o braço armado do movimento uma organização "terrorista".
"Continuamos a pressionar para que todas as partes evitem uma escalada do conflito (...) em uma guerra que sabemos que servirá aos interesses de todos os lados", disse Miller.
Com informações da AFP
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