O quinto debate entre os cinco principais candidatos à Prefeitura de São Paulo, promovido pela TV Cultura neste domingo (15), foi marcado por poucas propostas, muitos xingamentos e agressão física. José Luiz Datena (PSDB) deu uma cadeirada em Pablo Marçal (PRTB).
Veja quem ganhou e quem perdeu na avaliação de colunistas do UOL:
Raquel Landim
As rejeições dos candidatos estão nas alturas e os líderes das pesquisas parecem não ter entendido a mensagem do eleitor e da eleitora. Não vão conseguir sair de suas bolhas com tanta agressividade.
Pablo Marçal, que provocou José Luiz Datena, já tenta capitalizar a cadeirada comparando a facada sofrida por Jair Bolsonaro e com o atentado a bala enfrentado por Donald Trump. Ele zomba da inteligência dos paulistanos.
Os estrategistas de Datena acreditam que ele ter demonstrado energia e reagido a Marçal pode alavancar sua cadente candidatura. Prefiro crer que o eleitor não vai querer nem o provocador e nem o descontrolado.
Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, que já vinham trocando farpas, não souberam respeitar o momento. Coube ao prefeito deixar os telespectadores ainda mais horrorizados perguntando se seu adversário era "cheirador", com base numa "fake news" criada por Marçal.
Saem vitoriosas as mulheres — Tabata Amaral e Marina Helena — que conseguiram manter o nível e recordar que estávamos falando da maior cidade do país. Uma vitória pífia diante da derrota humilhante para a democracia protagonizada pelos demais.
Leonardo Sakamoto
Antes de mais nada, um lembrete importante: violência contra qualquer pessoa precisa ser repudiada.
E algo óbvio: mais uma vez, a população de São Paulo foi a grande derrotada com um debate marcado pelo baixo nível.
Ainda é cedo para dizer se Pablo Marçal vai conseguir capitalizar eleitoralmente a agressão que sofreu de José Luiz Datena. Se tiver sucesso, terá sido o grande vencedor do debate. Ele que, alijado de bater boca com Ricardo Nunes e Guilherme Boulos devido ao sorteio, decidiu dar sequência à tática da baixaria e provocar o apresentador. Mas também pode ser visto como corresponsável pelo episódio por parte do eleitorado indeciso e punido por isso.
Por enquanto, quem venceu o debate foi a cadeira lançada pelo apresentador contra o ex-coach. Totalmente desconhecida antes do evento e sem nenhuma pretensão além de servir de apoio à candidata Marina Helena, ela ganhou as manchetes de todos os veículos de comunicação no Brasil e está estampada em alguns da América do Sul, dos Estados Unidos e da Europa. Tornou-se meme, gif, está no TikTok, no Instagram, no YouTube. Chamada de instrumento do fascismo por uns e de herói de São Paulo por outros, ela nunca mais será a mesma.
Ronilso Pacheco
Difícil dizer quem ganhou um debate tão fraco e, mais uma vez, transformado em vexame por Pablo Marçal, a partir de suas insistentes e baixas provocações à Datena. Seja lá o que foi dito, este será o "debate da cadeirada".
Então, está muito mais fácil dizer que a população da cidade de São Paulo perdeu do que quem ganhou. Ainda assim, Tabata Amaral e Guilherme Boulos talvez tenham sido os mais propositivos.
Ricardo Nunes estava claramente na defensiva. A estratégia de persistentemente associar Boulos com liberação (e uso) das drogas, por vezes ficou fora do tom. Marina Helena continua parecendo perdida, sem carisma e articulando mal suas ideias, além de algumas inviáveis para o cidadão comum. Mas a democracia perdeu muito hoje. É triste imaginar que um próximo debate possa ter uma audiência ainda maior, porque o principal atrativo se tornou por quanto tempo um candidato resistirá às profundezas abissais da bestialidade discursiva de Marçal até reagir violentamente.
Andreza Matais
Com um debate que terminou em pancadaria, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), venceu ao conseguir manter o tom de voz e o ar de serenidade mesmo trocando cotoveladas com seu principal oponente, Guilherme Boulos (PSOL). Nunes é daqueles que consegue agredir o adversário sem mexer um músculo do rosto, estilo que lhe garante vantagem nesse contexto.
A campanha do PSDB avalia que Datena pode ganhar impulso com a agressão. Numa sociedade intolerante e numa era do linchamento, a postura de Datena pode não ser vista por parte do eleitorado como algo reprovável.
Thais Bilenky
Após a inacreditável cena da cadeirada, cabia aos candidatos remanescentes mostrar grandeza e manter a calma. Mas Nunes na primeira oportunidade agrediu Boulos: "Você cheirou? Você está louco, rapaz?".
Boulos retrucou com rispidez. E o debate se acirrou entre os dois.
Marina demonstrou alguma emoção ao lembrar a sogra, mas perdeu o fio da meada na fala. Não teve eloquência.
Tabata Amaral soube reagir à gravidade da cena sem perder o foco, saiu-se melhor que os demais.
Matheus Pichonelli
Entre feridos e feridos, Guilherme Boulos (PSOL) foi quem se saiu melhor no debate. Não caiu nas provocações de Pablo Marçal e Ricardo Nunes, a quem tirou do sério algumas vezes e criou diversas situações de desconforto. Teve calma para "desenhar" a diferença entre usuário e traficante de drogas ao ser acusado pelo prefeito de querer legalizar substâncias ilícitas — como se esta fosse uma competência do Executivo municipal.
Nada que não tenha sido completamente eclipsado com a cadeirada de José Luiz Datena em Pablo Marçal, os dois derrotados do debate e da eleição — mesmo que um deles vença, o que depois de hoje ficou mais improvável.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.