Bombeiros lutam contra chamas que não dão trégua em Brasília
Bombeiros lutavam nesta segunda-feira (16) contra as intensas chamas que, na véspera, atingiram o Parque Nacional de Brasília, obrigando alguns vizinhos a usar baldes de água para proteger suas casas, em meio a uma onda de incêndios no país.
Diante da gravidade da situação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu seu gabinete para avaliar ações para conter o avanço do fogo, que também atinge importantes biomas, como a Amazônia e o Pantanal, a maior área úmida do planeta.
O presidente anunciará na terça-feira as novas medidas, depois de realizar consultas com os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, e por considerar que a crise dos incêndios é "um tema do Estado brasileiro", disse o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, em uma nota.
O maior incêndio do ano na capital envolveu a cidade em uma nuvem tóxica, um fenômeno que tem se repetido nas últimas semanas nas grandes cidades do país, como São Paulo e Rio de Janeiro.
A visibilidade era extremamente reduzida em alguns bairros, constatou a AFP.
Três focos de incêndio foram registrados no domingo no Parque Nacional de Brasília.
Com o uso de aviões e helicópteros, quase uma centena de brigadistas trabalha no combate às chamas.
De acordo com as autoridades, esse número deve aumentar enquanto as condições meteorológicas adversas persistirem: Brasília acumula mais de 140 dias sem chuva e níveis mínimos de umidade.
"Não tem previsão de a gente encerrar esse incêndio por enquanto", disse nesta segunda-feira Carolina Schubart, coordenadora de prevenção e combate a incêndios florestais da Secretaria de Meio Ambiente do Distrito Federal, que abrange Brasília.
- Baldes contra o fogo -
O incêndio na capital, que consumiu uma área de 1.200 hectares, teve início na Granja do Torto, nas proximidades do parque, que serve para proteger as bacias hidrográficas que fornecem água para a região de Brasília.
Diante desse cenário, alguns vizinhos se organizaram no domingo para defender suas casas com o que tinham à mão: simples baldes de água.
"Foi piorando. As chamas começaram a avançar com muita velocidade e com uma altura de mais ou menos seis metros, e a comunidade começou a se mobilizar", disse à AFP a enfermeira Simone Costa, de 51 anos, enquanto percorria com seu marido e sua filha os destroços causados pelas chamas perto de sua casa.
"Pegamos baldes com água e começamos a tentar controlar o fogo para que ele não avançasse ainda mais perto das residências. E graças a Deus conseguimos", acrescentou.
Embora as autoridades tenham indicado não possuírem relatórios de animais afetados, a família de Simone encontrou um tatu morto entre os escombros.
Até agora, o número de incêndios em setembro no Brasil (57.312) já superou o registrado no mesmo mês do ano passado (46.498), segundo medições do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) com base em dados de satélites.
Embora sejam favorecidos por uma seca histórica, a qual os especialistas atribuem às mudanças climáticas, as autoridades afirmam que a maioria dos incêndios tem origem criminosa.
- Sob investigação -
No Rio de Janeiro, a polícia investiga mais de 20 suspeitos de provocar os incêndios florestais que assolam a região.
Desde quinta-feira, quando o governo do Estado criou um gabinete de crise, os bombeiros apagaram mais de 1.200 focos, segundo as autoridades.
A seca fez com que algumas represas chegassem a níveis mínimos históricos e o fornecimento de água sofre restrições, que afetam pelo menos 2 milhões de habitantes da zona metropolitana do Rio.
O governador Cláudio Castro anunciou nesta segunda-feira medidas para combater a "crise hídrica", entre elas a distribuição de água com caminhões-pipa e uma campanha de conscientização para reduzir o uso não imprescindível.
rsr/app/arm/jb/am
© Agence France-Presse
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