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Novo naufrágio no Canal da Mancha torna 2024 o ano mais trágico para travessias de migrantes na região

15/09/2024 05h10

Pelo menos oito pessoas morreram no naufrágio de uma embarcação na qual tentavam atravessar clandestinamente o Canal da Mancha, entre a França e a Inglaterra, durante a noite deste sábado (14) para domingo (15). Segundo a polícia francesa, o drama ocorreu na jurisdição da cidade de Ambleteuse, na região de Pas-de-Calais, norte do país.

O barco virou no início da noite, quando ainda estava próximo da orla, disse uma fonte dos serviços de emergência à agência AFP. Esta tragédia ocorre menos de duas semanas depois do pior naufrágio do ano, que deixou 12 mortos no dia 3 de setembro.

Inúmeras tentativas de travessia continuaram sendo feitas nos últimos dias. No total, ao menos 45 pessoas já perderam a vida no Canal da Mancha desde janeiro, a maioria depois do começo do verão europeu, a partir de junho.

O balanço transforma o ano de 2024 no mais trágico desde o início do fenômeno dos barcos improvisados ??que atravessam o Canal da Mancha, em 2018.

Graças a uma janela climática favorável, inúmeras tentativas de travessia ocorreram nos últimos dias. Nas 24 horas entre sexta-feira e sábado, "foram resgatados 200 náufragos", informaram na noite de sábado as autoridades portuárias do Canal da Mancha e do Mar do Norte, sublinhando que "18 tentativas de partida de barcos foram seguidas [pela polícia] ao longo do dia".

Em Ambleteuse, após o naufrágio durante a noite, uma segunda partida ocorreu por volta das 7h30 de domingo, informou à AFP Christine Leclair, voluntária de uma associação local. As saídas acontecem "a toda hora, inverno, dia, noite, verão", assim que o mar fica calmo", sublinhou.

As tragédias se sucederam desde o início do verão. Em meados de julho, seis migrantes morreram numa semana em três naufrágios distintos: quatro no dia 12 de Julho, uma mulher eritreia no dia 17 e um homem no dia 19.

Travessias perigosas

Estas tentativas de travessia são realizadas em condições particularmente perigosas, em barcos improvisados. Durante o naufrágio de 3 de setembro, "menos de oito pessoas tinham coletes salva-vidas fornecidos pelos traficantes", lamentou Gérald Darmanin, ex-ministro do Interior, quando visitou Boulogne-sur-Mer (Pas-de-Calais) para acompanhar o trabalho da guarda costeira francesa.

Na ocasião, ele pediu a assinatura de um "tratado de imigração entre a Grã-Bretanha e a União Europeia", para tentar pôr fim às saídas ilegais.

Em seis anos, quase 136.000 pessoas atravessaram o Canal da Mancha nestes "pequenos barcos" vindos de França, conforme registros desde que o Reino Unido começou a contabilizar estas chegadas, em 2018. O fenômeno desenvolveu-se em resposta ao crescente bloqueio do túnel sob o Canal da Mancha e do porto de Calais para impedir intrusões de migrantes.

Desde o início do ano, mais de 22 mil migrantes chegaram à Inglaterra depois de cruzarem o canal de barco, segundo as autoridades britânicas. Eleito em julho, o governo trabalhista de Keir Starmer prometeu combater a imigração ilegal, aumentando o número de deportações de migrantes e reprimindo os traficantes de pessoas.

Com informações da AFP

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