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Junta militar birmanesa pede ajuda internacional em meio a inundações que deixaram 74 mortos

14/09/2024 11h35

As inundações devastadoras provocadas pelo tufão Yagi em sua passagem por Mianmar já deixaram pelo menos 74 mortos e 89 desaparecidos no país do Sudeste Asiático, onde o chefe da junta militar no poder solicitou ajuda internacional para mitigar os seus efeitos.

Segundo um relatório elaborado pelas autoridades até a noite desexta-feira, o impacto da tempestade provocou "74 mortos e 89 desaparecidos", noticiou o jornal oficial Global New Light of Myanmar neste domingo (15). 

O balanço anterior era de 33 mortos.

De Filipinas a Mianmar, passando por China, Vietnã, Laos e Tailândia, o ciclone deixou um rastro de destruição, com mais de 350 mortos (a maioria no Vietnã) e centenas de desaparecidos, número que ainda pode aumentar, segundo dados oficiais.

Em Mianmar, o líder da junta, Min Aung Hlaing, disse na sexta-feira que "funcionários do governo devem entrar em contato com países estrangeiros para receber ajuda de resgate e socorro que será fornecida às vítimas", reportou a imprensa estatal.

Na véspera, o porta-voz da junta, Zaw Min Tun, informou que 236.649 foram deslocadas devido aos efeitos do tufão. Algumas áreas ficaram isoladas, acrescentou.

Também explicou que estavam sendo verificadas informações sobre deslizamentos de terra na região central de Mandalay, nos quais dezenas de trabalhadores de minas de ouro teriam ficado presos.

Em Taungoo, a uma hora ao sul da capital Naypyidaw, os moradores usavam barcos improvisados para se deslocar ao redor de um templo budista.

"Perdi meu arroz, meus frangos e meus patos", diz Naung Tun, que conseguiu pelo menos levar suas vacas para um terreno mais elevado.

"Outros bens não me preocupam. Mas nada tem mais valor do que a vida das pessoas e dos animais", acrescenta o homem, que afirma ter comido apenas uma vez na véspera.

A catástrofe agrava a miséria de um país mergulhado em uma crise humanitária, de segurança e política desde o golpe militar de fevereiro de 2021 contra o governo civil eleito de Aung San Suu Kyi, prêmio Nobel da Paz.

Mais de 2,7 milhões de pessoas em Mianmar já foram forçadas a deixar suas casas devido ao conflito civil entre o Exército e grupos étnicos e dissidentes armados.

- Um gesto incomum -

Os meios oficiais informaram que as inundações na área de Naypyidaw, a capital criada pelos militares, causaram deslizamentos de terra e destruíram instalações elétricas, edifícios, estradas, pontes e residências.

Um morador de Sin Thay, perto da capital, disse na sexta-feira à AFP que passou a noite em cima de uma árvore com seus dois filhos para se proteger da subida das águas.

Em uma aldeia da região de Mandalay, os moradores tiveram que montar em elefantes para chegar às áreas não alagadas.

O pedido de ajuda é incomum por parte da junta militar, que no passado havia bloqueado ou frustrado a assistência humanitária externa.

A junta suspendeu no ano passado as autorizações de viagem para alguns grupos de cooperação que iam ajudar os 500 mil afetados por um poderoso ciclone que atingiu o oeste do país.

Na ocasião, as Nações Unidas consideraram a decisão como "incompreensível".

E em 2008, quando o ciclone Nargis matou pelo menos 138 mil pessoas em Mianmar, a junta militar anterior foi acusada de bloquear a ajuda de emergência e negar o acesso a trabalhadores e provisões humanitárias.

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© Agence France-Presse

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