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Cidade nos EUA tem alerta de bomba após Trump dizer que migrantes comem pets

10.set.24 - Donald Trump em debate da ABC contra Kamala Harris - Win McNamee / Getty Images via AFP
10.set.24 - Donald Trump em debate da ABC contra Kamala Harris Imagem: Win McNamee / Getty Images via AFP

Da AFP

12/09/2024 19h24Atualizada em 12/09/2024 21h42

As autoridades da cidade americana de Springfield, no estado de Ohio (nordeste), ordenaram a evacuação da Prefeitura devido a uma ameaça de bomba depois que a direita radical e Donald Trump fizeram circular o boato de que migrantes haitianos comem animais de estimação.

"Devido a uma ameaça de bomba enviada hoje a vários organismos em Springfield, a Prefeitura está fechada", diz a conta oficial no Facebook desta pequena cidade de 60 mil habitantes.

Desde a segunda-feira, a cidade é palco de uma polêmica, que afirma falsamente que migrantes haitianos atacam cães e gatos da localidade para comê-los.

A polícia local desmentiu o boato categoricamente, assim como vários veículos que realizam checagem de conteúdo, como a AFP.

Mas o candidato republicano repetiu a informação falsa várias vezes desde a terça-feira, quando a mencionou durante o debate televisionado contra sua adversária nas eleições presidenciais, a vice-presidente democrata Kamala Harris.

A Casa Branca denunciou uma "teoria da conspiração (...) com raízes racistas".

"Este tipo de declarações, este tipo de desinformação é perigosa porque algumas pessoas vão acreditar nisso, por mais absurdo e estúpido que seja, e poderiam reagir de uma forma que poderia causar feridos", disse na terça-feira John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

"Vidas em perigo"

"É a propagação da imundície (...) o que põe vidas em perigo" nas "comunidades que estão sendo difamadas", afirmou, nesta quinta-feira, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.

O caso alimenta a tensão e a confusão em Springfield, comprovaram jornalistas da AFP.

Ao saber da notícia da ameaça de bomba, Mackenso Roseme, um imigrante haitiano, deixou o trabalho em um armazém da Amazon na cidade vizinha de Dayton e foi para o colégio onde estuda o filho.

Ali se deparou com um cartaz, com dizeres em inglês, espanhol e crioulo que as crianças tinham sido evacuadas.

"O momento atual realmente é preocupante", disse ele à AFP. "Estou um pouco estressado. Acho que alguma coisa pode acontecer".

As acusações contra os haitianos em Springfield parecem ter surgido de uma simples postagem no Facebook, supostamente de um morador da cidade, que citou a amiga da filha de outro morador, segundo a qual seus vizinhos - que seriam haitianos - tentaram comer seu gato.

Apesar da natureza altamente duvidosa do boato, Donald Trump e seu entorno não parecem dispostos a se retratar de suas declarações.

"Ohio está inundado de migrantes sem documentos, a maioria deles procedente do Haiti, que tomam conta de cidades e povoados em um ritmo nunca visto", voltou a escrever nesta quinta o candidato republicano em sua rede social, Truth Social.

Em Springfield, um grupo de clérigos impulsionam iniciativas para baixar a tensão. Nesta quinta, convocaram uma coletiva de imprensa na qual rezaram juntos, com as mãos entrelaçadas e pedindo unidade.

"Hoje aconteceram coisas, ameaças de violência", disse à AFP Wes Babian, ex-pastor de uma igreja batista local.

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