Telegram começa a colaborar com autoridades francesas após prisão de seu proprietário Pavel Dourov
Desde que Pavel Dourov, o fundador do Telegram, foi detido na França, o serviço de mensagens tem mudado sua postura para lidar com a Justiça do país. A empresa, que até então ignorava todos os pedidos de informações sobre seu funcionamento, começou a colaborar com as autoridades francesas, disponibilizando dados que podem contribuir para desvendar casos de pornografia infantil nas redes.
Segundo informações do jornal francês Libération, o Telegram tem respondido às solicitações feitas pelo departamento da polícia encarregado da proteção de menores. A plataforma teria aceitado comunicar elementos que podem ajudar a identificar suspeitos procurados em investigações de pornografia infantil. Os magistrados, que até então eram confrontados ao silêncio do Telegram, podem agora relançar buscas para vários casos que estavam bloqueados.
Essa mudança de postura não diz respeito apenas à França. Recentemente a empresa também aceitou colaborar com a justiça belga, que confirmou que, "de uns tempos para cá, Telegram tem cooperado". A plataforma também apagou alguns conteúdos após um pedido das autoridades da Coreia do Sul.
Na semana passada, Pavel Durov, que segue em prisão domiciliar em Paris, publicou uma mensagem na qual também anunciava sua vontade de implementar um dispositivo de moderação no Telegram. A notícia contraria todos os princípios de base do sistema que ele fundou, cujo sucesso está ligado à suposta liberdade total nas conversas entre seus usuários.
O bilionário de 39 anos é acusado de não ter agido contra a disseminação de conteúdos criminosos em seu serviço de mensagens criptografadas. A empresa, que tem 900 milhões de usuários, garantiu que "cumpre as leis da União Europeia" e que "é um absurdo afirmar que uma plataforma ou o seu proprietário são responsáveis pelos abusos".
As mensagens criptografadas do Telegram desempenham um papel fundamental no contexto da ofensiva russa na Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022, e são ativamente usadas por políticos e observadores de ambos os lados. Mas seus críticos acusam a plataforma de hospedar conteúdo muitas vezes ilegal, desde imagens sexuais extremas até desinformação, incluindo serviços de compra de drogas.
A Justiça francesa abriu uma investigação no dia 8 de julho por cumplicidade em crimes organizados na plataforma, como tráfico de drogas, pornografia infantil, fraude e lavagem de dinheiro em gangue organizada, entre outros.
Após quatro dias de prisão provisória na França no final de agosto, Durov, que tem passaportes russo, francês e dos Emirados, segue investigado e está proibido de sair do país. Além de ter que pagar uma fiança de € 5 milhões (R$ 30,8 milhões), ele também tem que se apresentar à delegacia duas vezes por semana.
(Com agências)
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