Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB) disputam de forma acirrada o voto do eleitor de direita, que já não depende do apoio de Jair Bolsonaro para se decidir, analisou o colunista Josias de Souza no UOL News desta terça-feira (10).
No episódio mais recente do atrito entre os dois candidatos, uma bandeira estendida durante a manifestação de 7 de Setembro na avenida Paulista se tornou o centro das atenções. Marçal disse que funcionários da prefeitura colocaram a peça, na qual estavam escritas as frases "Bolsonaro parou. Marçal continuou. Pablo Marçal presidente do Brasil". Já Nunes pedirá a abertura de uma investigação policial sobre o caso.
A campanha municipal de São Paulo ajuda o brasileiro a entender porque o Brasil se tornou o mais antigo país do futuro do mundo. Primeiro, a esquerda teve que pedir desculpas por entoar o hino nacional em linguagem neutra. Agora, a direita e a ultradireita travam esse jogo de empurra no qual uma bandeira na qual o dístico 'Ordem e Progresso' foi trocado por 'Marçal Presidente'. É o fim da picada.
Essa bandeira foi esticada na Paulista e compôs a cenografia que azedou os bofes do Bolsonaro. Marçal, acusado pelo 'mito' de 'traidor', está sustentando que os funcionários da prefeitura de Nunes, que ele chama de 'bananinha', colocaram essa bandeira gigantesca no asfalto para gerar intriga entre Nunes e Bolsonaro.
Esses dois patriotas estão brigando pelo amor do Bolsonaro e querem o voto do bolsonarista. Esse voto está fugindo ao controle do Bolsonaro. Essa briga não melhorará a pátria, mas o diversionismo que se esconde atrás da briga ajuda os dois candidatos a se esquivarem de explicações que deveriam providenciar
Josias de Souza, colunista do UOL
Para Josias, a polêmica em torno da bandeira, algo irrelevante para os rumos da cidade de São Paulo, serve apenas para Nunes e Marçal desviarem de explicações sobre assuntos espinhosos nos quais estão envolvidos.
Marçal é acusado de furto cibernético, falsidade ideológica, caixa dois, crimes eleitorais variados... Os correligionários dele, inclusive o presidente do partido, estão enganchados no PCC. Nunes é apontado como complacente na administração de contratos de empresas de ônibus que estão infiltradas pelo crime organizado, licitações emergenciais mutretadas, suspeita até do desvio de dinheiro de criancinhas das creches
Esse contencioso todo é o que está se escondendo embaixo dessa bandeira. Esconder tudo isso debaixo de uma peça com o dístico deturpado é um desrespeito ao que resta de inteligência ao eleitorado paulistano. Josias de Souza, colunista do UOL
Landim: Nunes quer Marçal com pecha de bandido para reaver votos da direita
Ricardo Nunes (MDB) insiste em ligar Pablo Marçal (PRTB) ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e ao crime organizado para tentar reconquistar os votos do eleitor da direita, afirmou a colunista Raquel Landim.
A estratégia de Nunes, e de outros adversários como Guilherme Boulos e Tabata Amaral, é usar todos esses áudios que apareceram e todas essas ligações entre aliados de Marçal com o PCC por algo muito simples. Entre o eleitorado de direita, essa associação com o crime organizado é algo que pega muito mal.
O eleitorado de direita tem essa questão com a segurança pública e, para eles, é uma bandeira muito importante e cara. Se conseguir colar no Marçal essa pecha de que ele é associado ao PCC, existe uma esperança dentro da campanha de Nunes de que ele se desgaste entre o eleitor mais bolsonarista, que já embarcou na campanha dele.
Uma das poucas expectativas que Nunes tem de tentar reconquistar o voto desse eleitor, que não confia nele e não o acha suficientemente leal aos princípios do que essa extrema direita defende, é tentar colar em Marçal a pecha de bandido
Raquel Landim, colunista do UOL
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