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Egocêntrico, perverso e manipulador : peritos analisam personalidade de francês que drogou a mulher durante anos

09/09/2024 15h57

O francês Dominique Pelicot, acusado de ter drogado sua mulher durante anos para que ela pudesse ser estuprada por dezenas de desconhecidos enquanto estava inconsciente, se prepara para depor nesta terça-feira (10). Antes de seu testemunho, peritos apresentaram uma análise psicológica do réu.

Após ter ouvido as vítimas durante a primeira semana do julgamento, previsto para durar quatro meses, o tribunal de Avignon, no sul da França, se prepara para os depoimentos dos 51 réus, começando por Dominique Pelicot, acusado de ter organizado mais de 200 estupros de sua mulher Gisèle Pelicot, uma aposentada de 71 anos. Segundo os primeiros indícios, ele a teria drogado durante mais de uma década para que dezenas de homens, que ele contactava pela internet, a violentassem enquanto ela dormia sob efeitos de fortes sedativos.

Antes do esperado testemunho do marido, dois peritos apresentaram pareceres sobre a personalidade do réu. A psicóloga Marianne Douteau, primeira a falar, descreveu uma personalidade marcada pela "raiva", "inspirando medo". A especialista também deu informações sobre a sexualidade de Dominique Pelicot, que começou a frequentar sites de discussão pornográfica após ter tentado, sem sucesso, forçar sua mulher a participar de trocas de casais.

"O voyerismo faz parte de sua dinâmica psicossexual", afirmou Annabelle Montagne, outra psicóloga ouvida no tribunal. Segundo ela, Dominique Pelicot é "egocêntrico" e propenso a "considerar os outros como objetos a serem manipulados". Ela também indicou que o fato de filmar sua mulher sendo estuprada de forma totalmente passiva pode "apontar para fantasias de necrofilia".

Annabelle Montagne lembrou que o réu alega ter sido estuprado por uma enfermeira aos 9 anos de idade, durante uma hospitalização, e que isso por ter tido um impacto psicológico.

Experiências traumáticas e esposa usada como "isca"

Béatrice Zavarro, a advogada da defesa, também aponta outras experiências traumáticas vividas pelo cliente. O réu afirma que, aos 11 e 13 anos de idade, testemunhou seus pais fazendo sexo, com sua mãe em uma posição submissa. "Ele viu cenas de sexo que não eram necessariamente consensuais", ressalta a advogada.

Dominique Pelicot também afirma ter testemunhado um estupro coletivo em um canteiro de obras, aos 14 anos de idade. "Seu passado é pontuado por eventos muito desagradáveis, que o perturbaram", disse à advogada à rádio France Info.

Os exames psicológicos feitos até agora afirmam que o réu "não sofre de nenhuma patologia ou anomalia mental". No entanto, os peritos afirmam que ele apresenta um "desvio sexual". Os peritos descrevem Dominique Pelicot como "manipulador", com uma personalidade "perversa", usando sua esposa como "isca".

Outros réus tiveram identidades reveladas

Antes do depoimento dos especialistas, os advogados de defesa tomaram a palavra, anunciando que seriam apresentadas queixas após as ameaças, algumas delas físicas, sofridas por alguns réus e membros de suas famílias. Nos últimos dias, listas dos outros 50 réus, incluindo suas fotografias, circularam nas redes sociais, juntamente com ameaças, violando a presunção de inocência.

A maioria dos 32 réus que apareceram em liberdade nesta segunda-feira usava máscaras anti-Covid para esconder o rosto, abaixando a cabeça para as câmeras da mídia mundial. Os outros 18, incluindo Pelicot, estão sob custódia, e o 51º, que está foragido, será julgado à revelia.

(Com agências)

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