Diretor prepara documentário sobre atletas paralímpicos brasileiros de alto rendimento
As histórias, pessoais e profissionais, de atletas brasileiros de alto rendimento, são o tema da série "Da Inclusão ao Pódio", do diretor André Bushatsky, contadas em quatro episódios, pela ocasião das Paralimpíadas de Paris. O projeto vai ser transformado em um documentário, que será lançado em dezembro deste ano.
O diretor André Bushatsky está na capital francesa acompanhando a Paralimpíada e coletando material para seu próximo projeto, que será lançado em dezembro. Será um documentário sobre alto rendimento, com personagens que estão competindo em Paris 2024 como Beth Gomes (atletismo); Ra?íssa Rocha (atletismo); Petruccio Ferreira (velocista); Carol Santiago (natação); Cássio Lopes (futebol de cegos) e Bruna Alexandre (tênis de mesa).
Mas enquanto assiste os atletas brasileiros conquistarem medalhas, ele comemora a repercussão da série "Da Inclusão ao Pódio", exibida pelo canal Sportv e pela Globo Play. Ele conversou com a RFI sobre o projeto, que teve início com uma visita ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), em São Paulo.
"Surgiu a ideia de fazer um filme, mas o primeiro projeto que achamos que poderia nascer dessa parceria (com o CPB) era a série. Começamos com quatro episódios. O primeiro fala sobre as crianças e chama 'Tire as crianças de casa', e tem esse nome porque durante as pesquisas percebemos que muita gente que tem o filho com alguma deficiência não quer tirar de casa. E pensamos que seria legal mostrar, fazer um esporte, mostrar para a sociedade, incluir e falar a respeito. Um outro fala da inclusão no mercado de trabalho. Outro mostra esse movimento paralímpico no Brasil, espalhado por todos os estados brasileiros, e o último fala do alto rendimento", contou.
Desafios
Bushatsky explica que um dos seus maiores desafios na preparação da série foi escolher os personagens. Para ele, muitos temas podem ser abordados a respeito do esporte paralímpico, mas escolher os atletas e limitar todo o material captado no tempo de cada episódio foi o mais difícil, mesmo que uma segunda temporada faça parte dos planos.
"Primeiro foi escolher quem estaria nos quatro primeiros episódios. O outro foi saber quem ia dar o coração desses episódios, porque senão fica uma coisa muito didática. As pessoas gostam de informação, mas o que capta mesmo a emoção é o coração, são os personagens. Então, junto com o Comitê, nós tínhamos muitas histórias para contar, mas escolher quem deveria estar ali, acho que foi o maior desafio", disse André.
Tendo ultrapassado o número de ingressos vendidos na Paralimpíada do Rio de Janeiro em 2016, os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 também têm surpreendido pela adesão do público, o que gera maior visibilidade dos esportes e dos atletas. O diretor comentou esse reconhecimento dos espectadores na capital francesa.
"Quando começamos a ler a respeito, do que seria feito dentro de Paris, primeiro nos perguntamos como funcionaria, em termos de transportes, etc. Mas tudo está indo tão bem, os próprios franceses resolveram ficar para prestigiar. É um clichê, mas a Cidade-Luz está iluminando o movimento Paralímpico e trazendo o que a gente mais precisa, que é a discussão saudável sobre todos os assuntos", comemorou.
"A gente tenta não falar tanto da deficiência"
Ao citar as adversidades enfrentadas pelos atletas paralímpicos, o diretor André Bushatsky destaca que a ideia, tanto da série quanto do documentário, é mostrar mais os personagens e menos as deficiências.
"A gente tenta não falar tanto da deficiência em si. São tratados como devem ser tratados, como grandes esportistas, crianças, profissionais. E é interessante ver o brilho nos olhos de todos eles, a perseverança, o querer fazer. É claro que, por trás de tudo isso tem dificuldades no Brasil, como no transporte, nas questões ligadas à área social, que são complexas. Mas são personagens incríveis que estão fazendo acontecer", disse.
Literatura
André Bushatsky lançou recentemente um livro chamado "Pigalle", sobre o lendário bairro parisiense de mesmo nome, inspirado no período em que morou na capital francesa, em 2020. Ele conta que apesar da dedicação à direção de projetos audiovisuais, a literatura continua em seus planos.
"Já estou escrevendo um novo livro, que se chama 'Um Tango para Cronos', que fala sobre a passagem do tempo em crônicas, diferente da linguagem de 'Pigalle'. Escrever é isso. É preciso escrever várias vezes até sair um bom resultado, assim como na série. Eu posso caminhar pela literatura e pelo cinema, porque um complementa o outro", encerrou.
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