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Jogadores de rúgbi franceses acusados de estupro são liberados da prisão domiciliar, mas deverão permanecer na Argentina

12/08/2024 13h56

Os jogadores de rúgbi franceses acusados de estupro na Argentina, Hugo Auradou e Oscar Jegou, foram liberados nesta segunda-feira (12) do regime de prisão domiciliar ao qual estavam submetidos desde que haviam sido presos em 8 de julho, mas deverão permanecer no país até o fim do processo, informou o Ministério Público.

A promotoria determinou que os acusados recuperem a liberdade, mantendo-se as demais medidas de coação", entre elas a retenção dos passaportes, a impossibilidade de saírem do país e a proibição de manterem contato, por qualquer meio, com a denunciante, disse nesta segunda-feira à imprensa Martín Ahumada, porta-voz do poder judiciário de Mendoza, província na qual teriam ocorrido os fatos denunciados.

A decisão considerou que não foram reunidos "elementos de convicção suficientes" para solicitar a prisão preventiva dos réus, por não haver "prevalência das provas de acusação sobre as de defesa" e por terem sido "comprovadas contradições internas e periféricas a respeito do relato da denunciante".

O advogado francês dos jogadores, Antoine Vey, celebrou a liberação e declarou que foi "uma decisão esperada, que constitui um passo crucial para o reconhecimento judicial da inocência" dos dois atletas. A defesa espera que a decisão tenha um desfecho favorável "nas próximas semanas".

A advogada da denunciante, Natacha Romano, por sua vez, disse à AFP que a decisão "causou mais danos à vítima, aos seus e mais angústia".

Além disso, ela apontou que a libertação gerou "preocupação de que atentem contra sua segurança psicofísica" e que sua cliente se sente "totalmente desprotegida pela justiça de Mendoza".

Jegou e Auradou, ambos de 21 anos, foram acusados de estupro em 17 de julho, com agravante pela participação de duas pessoas.

O crime teria ocorrido dez dias antes, em 7 de julho, no hotel da cidade de Mendoza onde os jogadores estavam hospedados durante uma viagem com a seleção francesa, de acordo com a denúncia.

A defesa, por sua vez, assegurou que as relações sexuais ocorreram, mas foram consensuais.

- "Notáveis contradições" -

A imprensa argentina divulgou na sexta-feira uma série de áudios que a denunciante enviou a uma amiga depois de voltar do hotel onde Jegou e Auradou estavam hospedados.

Romano disse se tratar de uma "prova apresentada pela acusação" que "foi tirada de contexto" e que "maliciosamente foram divulgados três ou quatro (áudios) que atendiam à conveniência da defesa".

Na semana passada, a denunciante ampliou sua declaração perante o promotor do caso, Darío Nora, e na quinta-feira os réus foram interrogados durante quase cinco horas.

"Respiramos a liberdade, estamos confiantes de que logo vão recuperar a liberdade", disse à imprensa o advogado de defesa argentino Rafael Cúneo, irmão do Ministro da Justiça, Mariano Cúneo, após a oitiva dos jogadores.

Na decisão da justiça local, divulgada nesta segunda-feira, explica-se que, no início da investigação, "havia uma série de elementos objetivos que determinavam a necessidade de ordenar a prisão dos réus".

No entanto, o documento, assinado pelo promotor adjunto Gonzalo Nazar, estabelece que, a partir das declarações da denunciante e sua comparação com o restante do material probatório, não se pode ignorar "a existência de notáveis contradições, inconsistências, zonas cinzentas e até explicações insuficientes" na acusação.

O documento também menciona "o tom jocoso" no início da conversa da denunciante com sua amiga, que foi revelado nos áudios vazados para a imprensa.

Além disso, considera que os testemunhos apresentados até o momento pela demandante "não seriam determinantes em um sentido incriminatório", enquanto a inocência dos réus "não poderia ser descartada de imediato".

Romano, a advogada de acusação, destacou que o caso ainda não terminou: "A ordem de recuperação da liberdade não implica em absolvição, ainda está em plena investigação e por isso os réus não poderão deixar o país", disse.

Horas após a decisão, os jogadores de rúgbi foram fotografados saindo do local onde estavam acompanhados por Germán Hnatow, um de seus advogados locais, que mais cedo informou que ainda nesta segunda-feira seriam retiradas as tornozeleiras eletrônicas que os atletas usavam durante a prisão domiciliar.

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© Agence France-Presse

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