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"O peso da medalha é comparável ao esforço para ganhar", diz Ana Patrícia após conquistar ouro em Paris com Duda no vôlei de praia

09/08/2024 20h05

O cenário era perfeito para coroar as campeãs olímpicas do vôlei de praia. A areia aos pés da torre Eiffel foi o palco de um duelo acirrado entre as brasileiras Duda e Ana Patrícia e a dupla canadense Melissa Paredes e Brandie Wilkerson, pela final da modalidade. As brasileiras venceram por 2 sets a 1, com parciais de 26/24, 12/21 e 15/10

Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris 

Est foi a primeira final olímpica para as líderes do ranking mundial, Ana Patrícia e Duda, que formaram a dupla após as Olimpíadas de Tóquio 2020. Elas são acostumadas a disputarem decisões no vôlei de praia, já que foram campeãs olímpicas da juventude, campeãs panamericanas e campeãs mundiais. Porém, o sonho olímpico ainda precisava ser conquistado, ponto a ponto. 

"A gente não sabe nem o que está sentindo ainda, é tanta coisa ao mesmo tempo, mas estamos sentindo o peso aqui no pescoço", diz Ana Patrícia apontando para a medalha de ouro que carregava. "Eu brinquei com a Duda que é do tamanho do trabalho que dá para ganhar", completa. "Foi a realização de um sonho e acho que a nossa ficha vai demorar um pouco ainda para cair", completa. 

As canadenses, que haviam eliminado a dupla da Suíça, Nina Brunner e Tanja Huberli, por 2 a 1, nas semifinais, apresentaram constância na defesa e bons ataques.  

"Todas as nossas finais importantes foram contra o Canadá e que destino, ainda bem que deu certo", comentou Duda após a premiação. "

A partida

A torcida brasileira marcou presença na arena e apoiou a dupla brasileira durante toda a partida. As canadenses, de biquíni branco, começaram agressivas, abrindo 6 a 2. As brasileiras ensaiaram reagir quando o placar estava em 5 a 9, mas as adversárias continuaram acertando a finalização dos contra-ataques. A dupla brasileira, que teve dificuldade no começo do primeiro set, voltou ao jogo com ataques eficazes, empatando em 17 a 17 e depois passando à frente no placar, com um belo ace. O jogo seguiu parelho. O Brasil tinha um set point, mas não conseguiu fechar. O placar empatou em 20 a 20, depois 22 a 22. Um erro do Brasil na rede colocou as canadenses em vantagem. Mas o Brasil buscou em 23 a 23. Uma disputa de bola na rede igualou o placar em 24 a 24. O Brasil passou à frente com um erro de ataque do Canadá, fechando o set com uma bola colocada de Duda no fundo da quadra adversária por 26 a 24.

Segundo set

O segundo set começou parelho, com as duas duplas disputando ponto a ponto. Os muitos canadenses presentes foram abafados pela torcida brasileira, em maior numero. O placar estava 5 a 5, quando uma cortada cravada de Duda colocou o Brasil na frente. As canadenses mostraram constância na defesa, mas não estavam preparadas para as "largadinhas" da dupla brasileira. O jogo empatou em 7 a 7, depois em 9 a 9. Com um saque para fora da canadense, as brasileiras avançaram, até um novo empate em 10 a 10. As canadenses avançaram em 10 a 13. Em uma bola muito disputada, o Canada passava na frente no placar, em 11 a 14. Teve bola devolvida de cabeça e muitas trocas entre as adversarias. O Canada fez dois aces. E chegou ao set point em 12 a 20. Com uma bola fora do Brasil, as canadenses fecharam a segunda etapa em 12 a 21.

A vitria

No terceiro e decisivo set, o Brasil saiu na frente, abrindo em 5 a 2. As canadenses não estavam dispostas a entregar a medalha de ouro, e apresentaram um bom desempenho no bloqueio e no ataque. O Brasil seguiu avançando, apesar dos bons fundamentos das adversarias. Duda e Ana Patricia abriram 10 a 5. O Canada seguia dando trabalho, com saques de dificil resposta. As atletas se desentenderam e discutiram na rede, numa demonstração do clima explosivo na quadra. Ao som da canção Imagine, de John Lennon, o jogo prosseguiu. Mas um erro de saque do Brasil preocupou a torcida brasileira. O Brasil continuou a frente, com as canadenses tentando buscar. Um ataque cravado do Brasil deu mais confiança à dupla brasileira. Que fechou a terceira etapa em 15 a 10, conquistando o ouro para o Brasil.

"A gente não pode desisitir, essa é a nossa busca, a nossa meta", avaliou Duda. "A gente tem capacidade de virar jogo e deu certo", celebrou. 

Quando ao desentendimento com a adversária, Ana Patrícia explicou: "Acontece, é coisa de jogo, mas a gente tem muito respeito pelas meninas e aconteceu uma situação do excesso de vontade de ganhar dos dois times" completou. "Eu espero que inventem algo maior para a gente continuar perseguindo, mas de momento é a realização de um grande sonho, o maior objetivo pelo qual trabalhamos todos os dias", disse. 

A campanha em Paris

Ana Patrícia Ramos é de Espinosa, Minas Gerais. Eduarda dos Santos "Duda" Lisboa, é sergipana de Aracaju.  

Para chegar à final, elas derrotaram, na véspera, as australianas Mariafe e Clancy por 2 sets a 1 (202/22, 21/15 e 15/120) pelas semifinais. A dupla brasileira não havia perdido nenhum set antes da partida de quinta-feira. Elas vinham de cinco vitórias por 2 sets a 0 nas fases anteriores. 

Na quarta-feira (7), enfrentaram e venceram Tina e Anastasija, da Letônia, com parciais de 21/16 e 21/10, pelas quartas de final.  

Duda e Ana Patrícia já tinham vencido as japonesas Akiko e Ishii, por 2 a 0 (21/15 e 21/16), pelas oitavas de final.  

Em entrevistas concedidas ao longo dos Jogos Olímpicos de Paris, elas diziam "estar preparadas para fazer a melhor campanha possível", estudando a fundo as adversárias, segundo Ana Patrícia.   

Uma campanha de sucesso que começou com a primeira colocação do grupo A, nas classificatórias, após terem derrotado Gottardi e Menegatti, da Itália, por 2 sets a 0 (21/17 e 21/10), no dia do aniversário de Duda.  

No início do campeonato, elas passaram, também, pelas espanholas Liliana e Paula, vencendo por 2 a 0 (21/12 e 21/13).  

As duas jogadoras têm 26 anos e cresceram juntas no vôlei de praia.  Elas foram campeãs mundiais em 2022 e vice-campeãs em 2023. 

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