Boulos e Nunes no alvo, Datena de volta à Band: como será 1º debate em SP
Os cinco candidatos à Prefeitura de São Paulo mais bem colocados nas pesquisas eleitorais participam, nesta quinta-feira (8), do primeiro debate na TV aberta, a partir das 22h15.
O que esperar do debate
A expectativa é que Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) sejam os principais alvos. Os dois candidatos lideram as intenções de voto, segundo o Datafolha, e estão empatados tecnicamente. Na última pesquisa Quaest, o apresentador José Luiz Datena (PSDB), figura no primeiro pelotão por empate técnico. Participam também Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB).
Nunes quer focar na gestão à frente da prefeitura e no orçamento do município. O candidato à reeleição também pretende reforçar a imagem de responsável por manter o legado do antecessor, Bruno Covas (morto em maio de 2021), — aliados acreditam que não há contradições entre a "herança política" e o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que recebeu críticas de Covas durante a pandemia.
Boulos vai usar o debate para tentar rebater ataques e informações falsas em relação à sua trajetória. Seus adversários têm citado frequentemente que o deputado "nunca trabalhou" e que é "invasor" de propriedade privada. O psolista, antes de ser eleito deputado federal, atuava como professor e é psicanalista por formação.
Inexperiente em debates, Datena dedicou três dias para se preparar para o encontro. Apresentador deve usar argumento da polarização política contra Boulos e Nunes, mas o prefeito deve ser o principal alvo. O tucano deve se referir aos adversários como "paus-mandados" de seus padrinhos políticos — reforçando que é "contra extremos".
Para interlocutores, Marçal tem dito que o evento será "num nível que nunca se viu". Em entrevistas e na convenção que oficializou sua candidatura, o empresário usou estratégias incomuns, como "chá revelação" para anunciar o gênero do candidato a vice em sua chapa. A participação do ex-coach é vista com preocupação pelos adversários, já que ele tem recorrido a factoides para atacar concorrentes.
A avaliação do entorno de Boulos é que Marçal usa estratégia semelhante à de candidatos bolsonaristas. A expectativa é que o discurso do ex-coach seja mais agressivo e sem apresentação de trabalho ou experiências com políticas públicas.
Tabata quer usar o debate para se apresentar ao eleitor. A candidata apostará em mostrar propostas e divulgar o grupo de especialistas que fazem parte da sua campanha. "Não vamos focar especificamente em ninguém, mas é inevitável tratar dos problemas da cidade, da administração e das falhas da prefeitura", afirma Pedro Simões, marqueteiro de Tabata.
Estratégias contra fragilidades
Enquanto Nunes vai explorar sua gestão, adversários usarão o mesmo tema para atacá-lo. A campanha de Boulos tem repetido que o prefeito tem feito uma "administração desastrosa", sem entregar serviços públicos, com suspeitas de corrupção e infiltração de crime organizado. Além disso, os aliados do psolista avaliam que o emedebista foi omisso em relação à fiscalização de hotéis e ferros-velhos na região da "cracolândia" —o que levou à megaoperação na última terça-feira (6).
Apesar das críticas previstas, preparação de Nunes não envolveu nada fora do normal, diz fonte ligada à campanha. Por causa da rotina na prefeitura, falta tempo para sessões extras de treinamento para o debate. Em relação à investigação da PF e ao suposto envolvimento de Nunes na máfia das creches, o prefeito vai se apoiar no fato de que não foi indiciado em nenhum processo. Em relação às empresas de ônibus acusadas de ligação com o PCC, a ideia é ligá-las à gestão do PT, quando foram contratadas. O partido é o principal apoiador de Boulos.
O atual prefeito foi orientado a fazer um exame toxicológico para rebater eventuais acusações de Marçal. Durante convenção no domingo (4), o candidato do PRTB acusou dois adversários de "cheirarem cocaína". Marçal, contudo, não apresentou provas nem citou nomes, mas disse que retomaria a acusação no debate. Interlocutores do prefeito dizem que ele não costuma "beber nem álcool".
Interlocutores de Boulos dizem que ele vai apostar em uma versão "paz e amor", com uma comunicação mais serena. A ideia é que o candidato não deixe de ser quem ele é, mas mostre um esforço para dialogar com todos os setores da sociedade. Ele tenta se livrar da pecha de "radical", que os adversários exploram e que afasta eleitores desde sua candidatura de 2020.
Datena também foi preparado para se defender. O apresentador pode ser confrontado com a acusação de que traiu Tabata. Até abril, ele era pré-candidato a vice da chapa dela, mas acabou lançando-se candidato pelo PSDB. Ele deve repetir o discurso de que quem o colocou como candidato foi a própria deputada, ao sugerir que ele se filiasse ao partido a fim de levar o tempo de televisão da sigla.
O marqueteiro do tucano, Felipe Soutello, aproveitou para municiar o candidato com informações sobre a cidade e com propostas de governo. A ideia é afastar a acusação de adversários de que Datena se comporta na campanha como apresentador, sem focar em propostas. O candidato deve anunciar a proposta "Território do Emprego", para reduzir a cobrança de impostos e incentivar a instalação de empresas e a criação de empregos na periferia, como ao longo da avenida Jacu-Pêssego, na zona leste.
Organização do debate
O posicionamento dos candidatos no estúdio terá a seguinte ordem: Nunes, Marçal, Tabata, Datena e Boulos. Cada um terá um minuto e meio para responder uma pergunta elaborada pela produção da emissora. Depois, segue-se para o confronto direto — começando por Marçal, que escolherá um adversário. A ordem dos lugares e de quem inicia as rodadas foi sorteada previamente com os partidos.
Na última rodada do debate, Marçal volta a ser o primeiro a chamar um candidato para o embate. A expectativa é que o ex-coach foque em Boulos e Nunes. Os aliados do psolista e do emedebista consideram a postura do empresário em relação aos oponentes, até esta fase da campanha, como "lamentável".
Candidata do Novo ficou de fora do evento. A Justiça havia atendido ação movida por Marina Helena na noite de segunda-feira (5), mas, no dia seguinte, a decisão foi reconsiderada, e ela não estará presente no debate. A economista afirmou que iria recorrer e planeja uma manifestação em frente à emissora.
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