"Foi o maior nível que eu já vi de uma final feminina", diz Dora Varella após quarto lugar no skate park em Paris
A brasileira Dora Varella entrou na pista do parque urbano, na praça da Concórdia, em Paris, na tarde desta terça-feira (6) em busca de uma medalha inédita para o país no skate park. A paulista chegou a sair na frente no placar, na primeira rodada da competição, mas não conseguiu manter a pontuação para subir ao pódio, ficando na quarta colocação.
Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris
Dora Varella, skatista de São Paulo, ficou com nota 89.14, atrás das representantes da Inglaterra, Sky Brown (92.31), que levou o bronze, da japonesa Cocona Hiraki (92.63), que conquistou a prata, e da australiana Arisa Trew (93.18), medalha de ouro.
"Eu fiz uma volta que eu treinei muito, deu certo na hora que tinha que dar", avalia. "Esta pista estava difícil de pegar velocidade, eu poderia fazer mais se eu tivesse a velocidade certa, mas para o que a pista proporcionou, eu fiz o meu máximo e eu queria sair daqui sabendo disso", disse em entrevista aos jornalistas, após a competição. "Quarto lugar para mim é um resultado incrível e deu para mostrar que o (skate) park feminino no Brasil tem potencial e tem chance de medalha", observa a atleta de 23 anos.
O Brasil teve três representantes nas eliminatórias da modalidade, mas somente Dora Varella conseguiu se classificar para a final, com uma apresentação consistente e boas voltas. Depois de terminar a primeira fase na oitava posição, com 82.29 pontos, a brasileira passou à briga por medalha contra sete representantes, de seis países (Espanha, Austrália, Israel, Reino Unido, Japão e Estados Unidos).
O skate park combina bowls e curvas e as atletas são julgadas pela velocidade, altura e execução das manobras. Cada skatista apresenta três voltas de 45 segundos e a melhor conta para a pontuação final. Essa é a única prova da modalidade em que os brasileiros não subiram ao pódio em Tóquio 2020.
Dora havia prometido manobras inéditas na final. "Eu não tenho nada a perder", disse aos jornalistas, após a fase de classificação. "Vou arriscar desde a primeira volta", prometeu.
E ela cumpriu. Dora foi a primeira atleta a entrar na pista na grande final. Ela apresentou saltos de alta dificuldade, ao som de funk carioca, arrancando muitos aplausos e obtendo 85.06, uma pontuação melhor do que havia feito na classificação.
"Na eliminatória eu não tinha usado o corrimão, que é um obstáculo importante, que eu tinha acertado nos treinos e arrisquei", disse. "Também tive que colocar dois flips na mesma volta para conseguir essa nota alta", continua.
Numa rodada em que cinco das oito competidoras caíram, Dora parecia bem colocada, mantendo-se na terceira posição em boa parte da competição.
Até a americana Bryse Wettstein, da Califórnia, fazer uma boa primeira volta, alcançando 88.12, passando à frente no placar.
Depois, Cocona Iraki do Japão fechou a primeira rodada com um surpreendente 91.98, assumindo a liderança.
Na segunda rodada, Dora ia muito bem, com aéreos altos e precisos, mas caiu nos últimos segundos, mantendo, então a sua nota anterior.
A representante da Austrália, Arisa Trew, de 14 anos, veio com mais segurança na segunda volta e uma boa nota (90.11), desbancando Dora do pódio.
Sky Brown, de 16, fez a sua melhor volta, conquistando 91.60 pontos, subindo para segunda posição do placar.
Na terceira volta, Dora Varella melhorou sua nota, somando 89.14, mas não o suficiente para conquistar uma medalha.
Arisa Trew queria mais do que o bronze. Ela fez 93.18, assumindo a liderança.
Brown ainda melhorou sua posição, alcançando um 92.31, que lhe garantiria o bronze, já que a japonesa Hiraki apostou tudo na sua última chance, repetindo a medalha de prata de Tóquio, fechando a prova com 92.63 pontos.
Dora sai de Paris satisfeita com o trabalho realizado. "Eu me diverti muito, estava muito legal acompanhar as meninas, mas foi tenso", comenta.
"Foi o maior nível que eu já vi de uma final feminina em campeonatos mundiais, pois o nível vem aumentando ao longo do tempo. Eu estou feliz de estar entre elas (finalistas)", analisa Dora Varella.
"De Tóquio para Paris eu trabalhei o meu mental, para aceitar que eu mereceria estar aqui (...) Quando eu comecei, havia poucas meninas no skate, depois eu tive que treinar muito para evoluir", avalia a atleta, que foi sétima em Tóquio e planeja estar nas próximas Olimpíadas.
"Eu estou velha, mas eu digo que Los Angeles 2028 serão meus últimos jogos", promete Dora.
As skatistas brasileiras Raicca Ventura e Isadora Pacheco não se classificaram para a final.
Mãe coruja
A RFI Brasil também conversou com Paula Varella, mãe de Dora Varella. "Estou muito feliz porque ela fez o que tinha planejado e treinado, o que ela queria era andar de skate sorrindo e se divertindo com as amigas do mundo todo", destaca.
Dora começou a andar de skate aos dez anos de idade. O primeiro foi dado pela avó. "Desde o primeiro dia ela não soltou mais o skate e começou a ver vídeos do esporte no YouTube e fomos de uma pista para outra, nos últimos dez anos", relata. E será que o coração de mãe fica apertado ao ver a filha voar no skate?
"Eu tenho muito orgulho, é como se a gente estivesse vendo um balé, um grande espetáculo", compara Paula.
"Ela é muito consistente e não me deixa aflita (...) A gente nunca trabalhou para medalhas, ela sempre andou de skate porque é a grande paixão da vida dela e o quarto lugar é um acaso", conclui a empresária.
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