"A medalha era meu grande objetivo há muitos anos", lamenta Hugo Calderano após derrota para francês em Paris
Depois de vencer o irmão mais velho, Alexis Lebrun, nas oitavas de final dos Jogos Olímpicos de Paris, o mesatenista brasileiro Hugo Calderano não conseguiu se impor frente ao jovem Félix Lebrun, de apenas 17 anos, que acabou levando a medalha de bronze, diante da arena lotada de torcedores franceses, neste domingo (4). Hugo deixa a competição em quarto lugar, após perder por 4 sets a 0, com parciais de 11/6, 12/10, 11/7 e 11/6.
Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris
Os dois jogadores se conhecem muito bem e estão muito próximos no ranking mundial: Hugo é o sexto e Lebrun o quinto melhor jogador.
A partida começou equilibrada, mas Félix logo abriu vantagem. O brasileiro cometeu erros no primeiro set, que acabou sendo vencido com facilidade pelo adversário, que utiliza uma pegada da raquete estilo "caneta", como muitos asiáticos, especialistas na modalidade.
Hugo continuou errando no segundo set e apresentando dificuldade para encontrar soluções diante dos ataques do francês. Porém, o paulista mostrou que estava disposto a buscar o jogo, fazendo 9/9 e depois 10/10. O set point veio de uma bola fora do brasileiro.
No terceiro set, Hugo Calderano conseguiu abrir à frente do placar, mas não manteve a vantagem. Os dois proporcionaram trocas impressionantes, com ataques e defesas vigorosas que fizeram o público vibrar, em que o francês levou a melhor. No quarto set, Félix veio ainda mais seguro, abrindo logo vantagem no placar e encerrando a partida após 31 minutos.
"Eu estou muito decepcionado de não ter conseguido esta medalha, era o meu grande objetivo há muitos anos e eu faço muitos esforços. Todos os dias da minha vida são pensando nesses resultados e nessa medalha", lamentou Hugo Calderano, após a derrota. "Eu me dedico 100%, saí da casa da minha família há muito tempo e é doloroso quando você não consegue", completa.
Hugo diz saber a importância de seus feitos para o tênis de mesa. "Eu espero conseguir continuar ajudando a colocar o tênis de mesa no topo", promete. "Eu consigo colocar as coisas em perspectiva, mas com a cabeça mais fria eu vejo com clareza tudo o que eu tenho feito", continua.
Hugo disse, ainda, que tinha sido difícil se recuperar do jogo da semifinal, quando perdeu para o sueco Truls Moregard por 4 sets a 2, na sexta-feira (2). "Eu tentei de tudo nesses dois dias para voltar com energia e estar bem fisicamente e tecnicamente, mas não deu", lamentou. "O meu adversário é um grande atleta e ele conseguiu fazer um jogo muito bom e impor o ritmo", avalia. Sobre a torcida francesa, Hugo disse que "ela não interfere, talvez apenas ajude o adversário. É apenas uma energia a mais", conclui.
A torcida brasileira presente tentou apoiar Hugo Calderano, mas foi silenciada pelos donos da casa. "Só tinha francês, eu fiquei tentando gritar, mas não deu", disse Vívian Borges, assistente jurídica de São Paulo que torcia enrolada na bandeira do Brasil. "Mas o Hugo foi muito bem no campeonato e até superou as expectativas, pois podia ter caído antes frente aos asiáticos. Parecia que ele estava um pouco desanimado", acrescentou ela, em entrevista à RFI.
"Eu adoro o tênis de mesa e essa campanha do Hugo fez a gente ficar mais interessado no esporte ainda", diz a biomédica Patrícia Carvalho.
Estrelas na França
Nascidos em Montpelier, os irmãos Félix e Alexis Lebrun nunca deixaram a sua cidade natal e nunca passaram por instituições de formação de atletas da França, como o INSEEP, o Instituto Nacional do Esporte de Alta Performance, o que mostra a trajetória atípica dos dois irmãos. Eles são filhos de um ex-campeão francês de duplas e de uma tricampeã francesa de tênis de mesa e cresceram no ambiente esportivo.
Félix começou a competir no circuito internacional adolescente. Aos 15 anos era o 78° do ranking mundial. No ano seguinte, em 2023, ele ganhou os Jogos Europeus.
Em Paris 2024, Félix Lebrun deu aos franceses a primeira medalha no individual da modalidade desde 1992, em Barcelona. "É um sonho de criança. Eu fiz um jogo perfeito com o apoio da torcida, foi incrível", comemorou o jovem, após a partida. "Eu me preparei muito para este jogo, eu agradeço à minha equipe, foi enorme", acrescentou aos jornalistas presentes na Arena Porte de Versalhes.
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