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Suspeitos de matarem empresário a pauladas entraram na casa pulando muro

A casa onde o empresário morava, no Jardim Europa, havia sido vendida em 2023 por R$ 4,5 milhões - Reprodução
A casa onde o empresário morava, no Jardim Europa, havia sido vendida em 2023 por R$ 4,5 milhões Imagem: Reprodução

Os dois suspeitos de matar o empresário Carlos Alberto Felice, 77, assassinado dentro da própria casa, no bairro Jardim Europa, zona oeste de São Paulo, pularam o muro do imóvel para cometer o crime.

O que aconteceu

Polícia prendeu ontem apenas um dos suspeitos. Rafael Procópio da Conceição é ajudante de obra e foi detido enquanto trabalhava em uma reforma de um imóvel que fica ao lado da casa da vítima.

O suspeito já foi preso por roubo e tráfico de drogas. Segundo a polícia, a vítima teria sido morta porque identificaria os autores da invasão.

O outro suspeito está foragido. Os agentes do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) encontraram na casa dele, no Capão Redondo, na zona sul da cidade, objetos que pertenciam a vítima. O nome dele não foi divulgado.

A dupla teria invadido o imóvel pulando o muro. O objetivo seria roubar dinheiro referente a venda de uma casa por parte da vítima. O crime ocorreu no dia 11 de julho, mas o corpo do idoso só foi encontrado no dia 16. Mais detalhes da investigação serão revelados pela Polícia Civil, nesta quinta-feira (25), em coletiva de imprensa às 15h.

Os suspeitos roubaram o veículo do empresário. Eles trocaram a placa do carro, o que, segundo a polícia, dificultou a localização. Mas o veículo foi encontrado no Capão Redondo, na zona sul da capital, na terça-feira (23). O carro estava sem chave e com vidros parcialmente abertos.

Carro será periciado. Foi solicitada perícia dactiloscópica para auxiliar nas investigações. Peritos tentam localizar vestígios dos suspeitos e impressões digitais que possam ajudar a esclarecer o crime.

Veículos que pertencia ao empresário será periciado - Cedido ao UOL - Cedido ao UOL
Veículos que pertencia ao empresário será periciado
Imagem: Cedido ao UOL

A reportagem não localizou a defesa de Rafael Procópio da Conceição. O espaço segue aberto para manifestação.

O caso é investigado como latrocínio, roubo seguido de morte. O esclarecimento do crime foi realizado por policiais da 1ª Delegacia Patrimônio. As apurações contaram com apoio da UIP (Unidade de Inteligência Policiai) do Deic.

Empresário foi morto após boato

Principal linha de investigação da polícia já está traçada. Segundo o delegado Rogério Barbosa, do Deic, possivelmente indivíduos entraram na casa da vítima após boato de que ele guardava R$ 3,5 milhões em espécie após vender o imóvel. "Seu Carlos foi vítima de uma notícia inverídica", afirmou o delegado ao Brasil Urgente, da TV Bandeirantes.

Empresário foi torturado antes de ser morto. "Plantarem esse boato de que ele teria milhões dentro da casa, e provavelmente foi esse o motivo de que esses indivíduos entraram no imóvel e acabaram torturando ele e por fim matando. A gente acredita que as agressões que ele sofreu foi para tentar obter dele a informação de onde estaria esse dinheiro. Com a negativa, foi espancado até a morte", detalhou Barbosa.

A casa do empresário foi vendida em 2023 por R$ 4,5 milhões.

Mas Carlos Alberto Felice só recebeu R$ 350 mil como um sinal pela venda. Ele usou o dinheiro para quitar dívidas, segundo o delegado Fábio Pinheiro.

Polícia descartou hipótese de que idoso teria uma grande quantia de dinheiro em casa. Ao UOL, o delegado explicou que ainda não sabe o valor em espécie que Carlos guardava, mas que se tivesse, seria algo em torno de R$ 10 mil e R$ 20 mil.

Imóvel onde ele foi morto tinha dívida de mais de R$ 1 milhão em IPTU. Carlos Alberto estava endividado e sua condição financeira piorou após a morte do seu pai e de sua esposa. Ele ficou viúvo há três anos. "Depois que ficou viúvo e após a morte do pai a vida deu uma desandada. A casa que ele vendeu tinha alguns débitos, incluindo mais de R$ 1 milhão de IPTU. Ele tinha muitas dívidas e por isso que a gente não acredita que ele tinha essa quantia em casa [os R$ 3 milhões]", afirmou Fábio Pinheiro à TV Bandeirantes.

Carlos Alberto Felice foi morto a pauladas, segundo investigação inicial da Polícia Civil.

Policiais encontraram um pedaço de madeira com manchas de sangue ao lado do corpo. Caso é investigado como latrocínio, roubo seguido de morte.

Cerca de vinte pessoas já foram ouvidas. Entre os que prestaram depoimento, estão os vigias da rua, dois sobrinhos e um amigo de Carlos, de 85 anos, o advogado do comprador da casa e o advogado da vítima. Também foi ouvido, na condição de testemunha, um encanador que prestou serviços para o idoso poucos dias antes de ele morrer.

Empresário morava sozinho

Carlos Alberto Felice era viúvo e não tinha filhos. A esposa dele morreu há três anos. As pessoas mais próximas eram um sobrinho e a irmã. Foi o sobrinho, inclusive, que ligou para a Polícia Militar após não conseguir contato com o tio.

A vítima morava sozinha e não tinha funcionários na casa. Carlos gostava de frequentar a igreja e levava uma vida modesta. O imóvel onde ocorreu o crime não tinha sistema de vigilância com câmeras de segurança. Caminhadas em uma praça ao lado de sua casa eram parte da rotina de Carlos. Vizinhos e comerciantes da região dizem que ele sempre foi muito cordial, educado e gentil.

Segundo a polícia, Carlos passava por dificuldades financeiras nos últimos anos. A situação teria piorado após a morte da sua esposa e do seu pai.

Carlos e a irmã herdaram cinco imóveis. O UOL apurou que eles tinham dois apartamentos no bairro Vila Madalena, que valiam cada cerca de R$ 146 mil em 2016, um na Bela Vista, de R$ 579 mil, e uma sala comercial no Jardim América, de cerca de R$ 400 mil. Carlos também herdou da mãe a casa onde aconteceu o crime, no bairro Jardim Europa.

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