Vírus da pólio é detectado na água em Gaza; Israel é acusado de usar recurso natural como arma
A Ong Oxfam acusou Israel de usar a água como arma de guerra em Gaza, com cortes no abastecimento, bombeamento e destruição de usinas de reprocessamento. Como resultado, a poliomielite está agora ameaçando a população do enclave palestino, pois o vírus foi descoberto na sexta-feira (19) em amostras de águas residuais pelo Ministério da Saúde local e pelo Unicef. Essa é uma notícia preocupante, pois a doença se espalha muito rapidamente e representa um perigo real para os campos superlotados.
Por enquanto, nenhum caso de poliomielite foi detectado em um ser humano no enclave palestino, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS), já que o vírus "até agora só foi isolado do meio ambiente". Mas "essa descoberta é extremamente preocupante", enfatizou o porta-voz da agência da ONU, Christian Lindmeier. Infelizmente, a notícia era "esperada", dada a situação sanitária na Faixa de Gaza, que está sob intenso bombardeio há nove meses pelas forças israelenses.
A poliomielite é uma doença altamente contagiosa causada por um vírus (o poliovírus) que invade o sistema nervoso e pode levar à paralisia irreversível em questão de horas.
Com 89%, a cobertura da vacinação contra a pólio era "ótima" em Gaza antes do início da ofensiva israelense, graças às campanhas de vacinação sistemáticas realizadas pelas agências da ONU.
Mas, dez meses depois, a situação mudou radicalmente. Dezenas de milhares de crianças com menos de cinco anos correm o risco de contrair pólio e outras doenças, de acordo com Christian Lindmeier.
Israel teria destruído 70% das estações de tratamento de esgoto em Gaza
A destruição do sistema de saúde, a falta de segurança, os obstáculos ao acesso, o constante deslocamento de pessoas, a escassez de suprimentos médicos, a má qualidade da água e o saneamento inadequado", apontou o porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o risco de contaminação. Todos esses fatores reduzem as taxas de imunização de rotina e aumentam o risco de doenças evitáveis por vacinação, inclusive a poliomielite.
De acordo com a Oxfam, Israel está destruindo 70% de todas as bombas de esgoto em Gaza, bem como todas as estações de tratamento. Isso é intencional, de acordo com James Elder, do Unicef, que também denuncia "um desejo deliberado e constante por parte das autoridades que têm poder legal e militar de impedir a entrega de ajuda vital a Gaza".
Atualmente, apenas 16 dos 36 hospitais do enclave palestino estão funcionando parcialmente. O mesmo acontece com quase metade dos centros de saúde.