O tempo para a PGR (Procuradoria Geral da República) fazer a denúncia no caso Bolsonaro envolvendo reunião com Alexandre Ramagem para blindar o filho, o senador Flávio Bolsonaro, é o da lei, não o da política, afirmou o colunista do UOL Reinaldo Azevedo durante o Olha Aqui! desta quarta-feira (17).
A colunista do UOL Carolina Brígido publicou em sua coluna que o STF (Supremo Tribunal Federal) e a Polícia Federal pressionam a PGR por denúncia com fartura de provas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. O procurador-geral da República Paulo Gonet teria dito a interlocutores que não quer fazer a denúncia em meio ao processo eleitoral para não tumultuar ainda mais o ambiente político no país.
Nesse caso, você interfere no processo apresentando a denúncia ou não apresentando. Ao menos que digam: 'Não, não vou apresentar a denúncia e não vou querer dar esse benefício para o Bolsonaro agora'. Também seria interferir [politicamente] contra Bolsonaro. Ou 'eu vou apresentar a denúncia, não apresento agora por causa da eleição', aí é uma interferência a favor do bolsonarismo. Por isso, não cabe a um órgão independente como é o Ministério Público fazer esse tipo de raciocínio, se é que está sendo feito. Porque não tem saída. É um raciocínio que está errado. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Não há elementos, não se apresente. Acabou, não tem que ter cálculo de nenhuma outra natureza nessa história. Qualquer outro cálculo flerta com coisas muito perigosas que é a administração política da PGR. Já tivemos isso no Brasil de várias maneiras e lados, e as consequências são ruins. Tivemos uma PGR politizada tomando decisões com o temporizador da política ligado que foi durante toda a Lava Jato, e aquilo nos empurrou para o abismo, para a lama, para o bolsonarismo (...) junto com outras coisas. Também já tivemos o temporizador político ligado na gestão Augusto Aras que parecia não haver pecado debaixo da Linha do Equador [no governo Bolsonaro]. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Se existe essa gestão do tempo [da PGR], ela está errada porque não há como essa escolha não ser uma escolha politizada. E nós precisamos de uma PGR despolitizada, nem padrão [Rodrigo] Janot, nem padrão [Augusto] Aras. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Reinaldo ressaltou que fazer a denúncia já é parte do jogo eleitoral e que a decisão de fazê-la ou não já é uma interferência no caso envolvendo Bolsonaro sobre reunião feita para blindar o filho.
A denúncia é parte do jogo eleitoral por uma contingência dos fatos, da vida. Não houvesse indícios suficientes e o procurador apressando a denúncia, então se poderia falar em interferência. Em havendo, o que já chamei faz tempo de 'excessos de indícios', pelo menos, para não usar a palavra prova, não apresentar diante desses excessos também é interferir. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
A gente não precisa, não cabe (...), eu pessoalmente não tenho essa informação, mas em sendo isso e diante dessa premissa de que o procurador estaria disposto a apresentar a denúncia depois de novembro para não interferir no processo eleitoral, nós temos aí uma contradição nos próprios termos sobre não interferir. Porque isso, então, é interferir. Se parte da premissa de que a apresentação da denúncia pode interferir, então é porque haverá a denúncia. É porque já há elementos para dizer que há denúncia. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Se já há elementos para fazer a denúncia e não se apresenta a denúncia, então se está interferindo no processo eleitoral. É um raciocínio lógico evidente. Ou há elementos para apresentar a denúncia ou não há. Eu entendo que há um excesso de elementos para apresentar uma denúncia. O que mais precisa? Temos uma reunião acontecida no Palácio do Planalto com Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno do GSI, o Alexandre Ramagem da Abin e as duas advogadas de Flavio [Bolsonaro]. Nessa reunião o presidente pede para mobilizar o secretário-geral da Receita, o diretor do Sepro. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
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