Dólar fecha a R$ 5,483 por fatores internacionais; Bolsa sobe
O dólar fechou esta quarta-feira (17) em alta de 1%, indo a R$ 5,483, pressionado por problemas com a economia chinesa e uma megavalorização do iene, no Japão. Confira a cotação em tempo real aqui. A Bolsa de Valores de São Paulo terminou o dia em alta de 0,26% para 129.450,32, conforme dados preliminares, pontos depois da divulgação do livro bege, do banco central americano.
O que aconteceu?
Houve uma mega aporte na moeda japonesa. O Banco do Japão (BoJ, pela sigla em inglês) teria intervindo de forma agressiva para valorizar o iene. A moeda japonesa foi a quinta que mais perdeu valor em relação ao dólar no início do mês dentre 118 divisas.
"Isso acaba pressionando de forma negativa as moedas de países emergentes", diz Camila Abdelmalack, economista chefe da Veedha Investimento. Os investidores saem de países como o Brasil para aproveitar a lata da moeda japonesa.
As autoridades japonesas podem ter gastado cerca de US$ 22 bilhões para conter a desvalorização do iene. Isso de acordo com com estimativas de mercado baseadas em dados do BOJ, que não divulga voluntariamente seus aportes. A moeda oriental perdeu cerca de 11% do valor nos últimos doze meses.
Houve problemas na China também
O produto interno bruto (PIB) da China decepcionou. "O mercado chinês vem cada vez mais mostrando sua dificuldade em se reerguer, principalmente o setor de construção, que demonstra uma desidratação forte", diz Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora. Isso puxa o preço do minério de ferro fortemente para baixo e, como consequência, economias ligadas a produtos básicos, como o Brasil, sofrem uma desvalorização da moeda, explica ele.
O PIB chinês subiu 4,7% no segundo trimestre de 2024 ante o mesmo trimestre do ano passado. A expectativa era de um crescimento de 5,1% para a economia chinesa nessa comparação. Também houve desaceleração em relação à expansão de 5,3% do trimestre anterior dólar.
O mercado de câmbio no mundo todo também continua repercutindo as chances de Donald Trump ganhar a corrida presidencial nos Estados Unidos. "O mercado americano está animado com a possível eleição do Trump", diz Bernardo Brites, presidente da Trace Finance.
Se ganhar, Trump deve aumentar a proteção das empresas americanas de tecnologia contra as chinesas. É o que explica Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
No cenário interno ainda existem as incertezas fiscais. "A queda de braço entre o governo e o legislativo sobre os pontos da reforma tributária assustam os investidores, segundo Velloni.
E a Bolsa?
O Livro Bege foi divulgado nesta tarde com dados positivos. Ele é uma espécie de ata do banco central americano, que apresenta avaliações e projeções dos diferentes distritos da autoridade monetária dos EUA.
No comunicado, os representantes do Fed dizem que atividade da economia dos EUA desacelerou. "A atividade econômica manteve um ritmo de crescimento de leve a modesto na maioria dos distritos. Os representantes do FED também disseram que esperam "um crescimento mais lento nos próximos seis meses devido à incerteza em torno das próximas eleições, à política interna, ao conflito geopolítico e à inflação".
Isso é bom, pois favorece o corte nos juros americanos em breve. O mercado espera que ele seja feito em setembro, segundo Fabrício Norbim especialista da Valor Investimentos. Isso beneficia todos os mercados, principalmente os emergentes.
Essa espera acontece desde o começo do ano. O corte nos juros americanos vem sendo postergado mês a mês. "Mas o cenário mais provável é que ele aconteça em setembro e também em dezembro", diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos.
Ações
Apesar do dia positivo, uma das quedas mais significativas do dia foi a das ações da Vale (VALE3). O papel caiu 1,01%, indo a R4 61,70. Por conta da economia chinesa — o maior mercado da empresa — o preço do minério de ferro caiu, como já foi dito acima. Além de afetar o câmbio, afetou as ações da companhia, que na noite de terça-feira havia divulgado seus dados de produção.
Mesmo com bons números de produção, os preços ficaram aquém do esperado. "O grande destaque negativo foi o preço realizado", publicou a Genial.