Bombardeio deixa dezenas de mortos em campo de deslocados de Gaza
O Hamas anunciou a morte de 90 pessoas neste sábado (13) em um bombardeio israelense contra um campo de deslocados no sul da Faixa de Gaza. Israel informou que o ataque tinha como alvo Mohamed Deif, comandante militar do movimento islamita palestino.
O ataque também visava a atingir Rafa Salama, comandante das brigadas do Hamas em Khan Younis, segundo o Exército israelense.
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007, anunciou que 90 palestinos morreram, "metade deles mulheres e crianças", e que 300 pessoas ficaram feridas.
O bombardeio, que ocorreu em uma área considerada segura por Israel, onde organizações humanitárias afirmam que centenas de milhares de pessoas se refugiavam, foi condenado por países de toda a região. A Chancelaria do Egito expressou que não se pode aceitar o ocorrido "sob nenhuma justificativa".
O premier de Israel, Benjamin Netanyahu, confirmou em entrevista coletiva que suas tropas lançaram um ataque contra Deif e Salama, e que não tem certeza da morte de nenhum deles no bombardeio.
"O ataque ocorreu em uma área fechada administrada pelo Hamas, onde, segundo nossas informações, apenas terroristas do Hamas estavam presentes e não havia civis", ressaltou o Exército israelense.
O Hamas negou essa versão, que chamou de "argumentos falsos, que buscam esconder o alcance do massacre espantoso".
O seu líder político, Ismail Haniyeh, acusou Netanyahu de cometer "massacres atrozes" em uma tentativa de bloquear as negociações de cessar-fogo retomadas esta semana.
- 'O que fizemos?' -
As vítimas foram levadas para hospitais da região. O diretor do hospital kuwaitiano em Rafah, Suhaib al Hams, disse que a maioria delas sofreu ferimentos graves, incluindo amputações.
"O que fizemos? Estávamos sentados perto da praia", comentou um palestino, perto de um corpo caído em uma rua.
O diretor da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, ressaltou que "a afirmação de que os habitantes da Faixa de Gaza podem se transferir para zonas seguras ou humanitárias é falsa. Nenhum lugar é seguro. Ninguém está a salvo."
- Aumento da pressão -
A guerra eclodiu em 7 de outubro com o ataque do Hamas ao sul de Israel que deixou 1.195 mortos e 251 reféns feitos por comandos islamistas, segundo um balanço da AFP baseado em dados israelenses.
O Exército de Israel estima que 116 pessoas permanecem cativas em Gaza, 42 das quais teriam morrido.
Em resposta, Israel prometeu aniquilar o Hamas e lançou uma ofensiva que já matou 38.443 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.
Depois de meses de esforços infrutíferos, Catar, Egito e Estados Unidos continuam a mediação entre ambas as partes para chegar a um acordo que permita um cessar-fogo e a libertação dos reféns.
O presidente americano, Joe Biden, afirmou que "o marco" do plano de cessar-fogo que apresentou em 31 de maio foi "aceito por Israel e pelo Hamas". "Há ainda algumas lacunas a preencher", mas "a tendência é positiva", declarou.
O governo israelense também está sob pressão internamente. Neste sábado, milhares de manifestantes em Tel Aviv e Jerusalém exigiram um pacto para libertar os reféns.
Entre os participantes na manifestação, muitos temiam o impacto dos ataques israelenses deste sábado nas negociações e suspeitavam que Netanyahu procurava "sabotá-las".
"Estamos a um passo de um acordo e agora ele pode explodir na nossa cara", disse Einav Zangauker, cujo filho Matan foi sequestrado pelo Hamas desde 7 de outubro.
O grupo islamista anunciou na semana passada que não exige mais um cessar-fogo permanente para negociar a libertação dos reféns, condição que era uma das suas linhas vermelhas.
Por sua vez, Netanyahu afirmou que continuará a guerra até a destruição do Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, e conseguirá a libertação de todos os reféns.
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