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Israel vive dias de tensão com retomada de negociações, protestos e condenação internacional

12/07/2024 10h45

Em meio à retomada de negociações com o Hamas, manifestações contra o governo e a favor de um acordo de cessar-fogo, os dias têm sido intensos em Israel.  Durante mais uma tentativa de interromper a guerra, há em Israel um otimismo definido como "cauteloso".

Henry Galsky, correspondente da RFI em Israel

Ao longo da semana, houve conversas no Cairo e também em Doha, no Catar, e hoje novamente há uma nova rodada de discussões no Egito. Segundo informações obtidas pela RFI, ainda há questões em aberto.

Um desses pontos seria o retorno da população palestina para o norte de Gaza. O Hamas não quer que a população passe por qualquer verificação de segurança. Israel, ao contrário, exige que isso aconteça por temer que membros do grupo palestino se misturem à população civil. O Hamas também reclama que recebe poucas atualizações sobre o processo de negociações. 

Nesta quinta-feira, os ministros do G7 denunciaram a expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia. No comunicado, a decisão israelense é definida como "contraproducente para a causa da paz". O comunicado foi emitido após Israel anunciar, no mês passado, a legalização de cinco assentamentos e a construção de outros três. 

O texto do G7 também reafirma o compromisso dos países do grupo com "uma paz duradoura e sustentável baseada na solução de dois estados". 

Esse movimento israelense está relacionado ao poder que Bezelel Smotrich, ministro das Finanças, tem hoje sobre a questão dos assentamentos. Considerado um dos elementos mais extremistas da atual coalizão de governo, Smotrich ganhou poder sobre o planejamento de colônias na Cisjordânia em junho do ano passado como parte do acordo que fez com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu no processo de formação do atual governo. 

A autoridade governamental que normalmente é responsável pelo planejamento no território fica sob a responsábilidade do Ministério da Defesa. No final de junho, por determinação de Smotrich, o governo aprovou uma série de medidas para fortalecer os assentamentos e impor sanções contra a Autoridade Palestina (AP).

Esta foi uma forma de punição pelas medidas tomadas pelo governo palestino contra Israel nas Cortes em Haia, na Holanda - o Tribunal Penal Internacional (TPI) e a Corte Internacional de Justiça (CIJ). 

Em meados de junho, o G7 avisou a Israel para interromper qualquer ação que provocasse o enfraquecimento da Autoridade Palestina. Isso porque naquele momento novamente Smotrich havia determinado a retenção de impostos recolhidos em nome da AP.

Sob determinação que é válida desde os Acordos de Oslo assinados entre israelenses e palestinos em 1993/94, Israel coleta os impostos em nome dos palestinos. Não é a primeira vez que este instrumento é usado como forma de pressão sobre a AP. 

Na Cisjordânia vivem cerca de 2,5 milhões de palestinos e 500 mil israelenses. A Autoridade Palestina governa 40% do território. A AP governou a Faixa de Gaza até 2007, quando foi expulsa do território pelo Hamas.  O G7 é formado por Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, Canadá, Itália e França.

Manifestações em Israel e pressão sobre o governo

A sociedade israelense é menos impactada por declarações como a do G7, por exemplo. Até porque as atenções da população estão voltadas para o próprio governo, mas por outras razões. 

As manifestações semanais em mais de 60 pontos ao redor do país levam milhares de pessoas às ruas que pedem a renúncia de Netanyahu, a realização de novas eleições e um acordo de cessar-fogo que seja capaz de trazer de volta ao país os reféns que continuam sequestrados pelo Hamas na Faixa de Gaza. 

O Fórum dos Familiares dos Reféns realizou ao longo dos últimos dias o que definiu como a "Semana da Resistência". No próximo sábado, há mais manifestações previstas. 

No último dia 8, na Praça dos Reféns, em Tel Aviv, as mães dos israelenses sequestrados pelo Hamas fizeram uma manifestação silenciosa chamada de "Mamãe Está Esperando" para marcar os nove meses desde que seus filhos foram capturados pelo grupo palestino. 

Em comunicado, o Fórum chegou a implorar para que Netanyahu dê prioridade a um acordo antes de viajar para os Estados Unidos. Em 24 de julho, o primeiro-ministro israelense vai fazer um discurso no Congresso norte-americano. "Ele tem liberdade para viajar sempre que quiser. Os reféns, não. Agradecemos ao governo dos EUA pelo seu apoio contínuo nos esforços para alcançar o acordo e libertar todos os reféns", diz o texto. 

Familiares dos reféns também realizaram uma manifestação do lado de fora do Knesset, o parlamento de Israel, em Jerusalém. Membros das famílias entraram em jaulas. Alguns parlamentares fizeram o mesmo e prometeram empenho na aprovação de um acordo. 

As pesquisas mostram que a maioria da população prioriza o retorno dos reféns: 67% dos israelenses, segundo dados divulgados pelo Canal 12. A mesma pesquisa mostra também que 54% dos israelenses consideram que a guerra continua em função de considerações políticas do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. 

O Fórum também se pronunciou sobre as novas negociações em busca de um acordo: "Não permitiremos que nenhum partido político nos impeça de trazer de volta os nossos entes queridos e convidamos o público a se juntar a nós". As manifestações ganham cada vez mais força diante das tentativas de um novo acordo. 

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