'Ingovernável': França pode atravessar crise política se nenhum partido conseguir maioria absoluta na Assembleia
Na terça-feira (18), o líder da extrema direita francesa, Jordan Bardella, descartou a possibilidade de aceitar o posto de primeiro-ministro caso seu partido não conseguisse eleger a maioria absoluta de deputados necessários para governar, levantando a questão espinhosa de um país "ingovernável". A apenas 11 dias das eleições legislativas na França, o Le Figaro desta quarta-feira (19) analisa a possibilidade de que uma maioria absoluta não seja alcançada na Assembleia Nacional.
Na terça-feira (18), o líder da extrema direita francesa, Jordan Bardella, descartou a possibilidade de aceitar o posto de primeiro-ministro caso seu partido não conseguisse eleger a maioria absoluta de deputados necessários para governar, levantando a questão espinhosa de um país "ingovernável". A apenas 11 dias das eleições legislativas na França, o Le Figaro desta quarta-feira (19) analisa a possibilidade de que uma maioria absoluta não seja alcançada na Assembleia Nacional.
Se nenhum grupo conseguir as 289 cadeiras das 577 da Assembleia, após o segundo turno das eleições em 7 de julho, o país poderia mergulhar em uma grande crise política, afirma o jornal. A questão é preocupante e este cenário é plausível, como indicam as primeiras pesquisas de intenção de voto.
Na prática, o primeiro-ministro da França vem do partido ou formação plesbicitado por uma maioria de votos, para permitir a aprovação de seus textos na Assembleia Nacional. Sem isso, o chefe de governo fica exposto à ameaça permanente de uma moção de censura que, se for adotada pelas oposições, pode levar à sua demissão.
Desde 2022, o governo de Macron, fragilizado por uma maioria relativa nas últimas eleições eleitorais, é obrigado a negociar alianças de circunstância para cada texto que tenta passar na Assembleia. Por falta de aliados, teve de aprovar por decreto, sem passar pelo voto dos deputados, reformas importantes como a das aposentadorias.
Situação se complica para a extrema direita
A situação seria ainda mais complicada para o principal partido de extrema direita da França, o Reunião Nacional (RN), diz Le Figaro, que poderia contar apenas com o apoio de alguns deputados da direita.
Para especialistas entrevistados pelo jornal, a única saída para o presidente francês seria nomear um primeiro-ministro consensual, capaz de criar uma aliança ampla, da extrema direita à esquerda radical, copiando um modelo aplicado na Itália em 2012.
Atravessando uma crise política, o país escolheu como primeiro-ministro Mario Monti, ex-comissário europeu, encarregado de gerenciar apenas questões ligadas ao funcionamento do governo.