Netanyahu dissolveu gabinete de guerra, afirmam mídias e fonte do governo israelense
Uma autoridade israelense confirmou nesta segunda-feira (17) que o presidente israelense, Benjamin Netanyahu, dissolveu o gabinete de guerra, criado após os ataques de 7 de outubro do grupo Hamas. Mais cedo, as mídias do país divulgaram que o premiê teria anunciado sua decisão na véspera, durante uma reunião do gabinete de segurança.
Segundo jornais israelenses, a decisão de Netanyahu teria sido motivada pela renúncia, na semana passada, do ministro centrista Benny Gantz e do deputado Gadi Eisenkot, que faziam parte do gabinete de guerra. Ambos também resolveram deixar a coalizão governamental, em protesto à incapacidade do governo de elaborar uma estratégia para o pós-guerra na Faixa de Gaza.
Até o momento, o governo israelense não se pronunciou sobre a dissolução do gabinete de guerra. Se ela for confirmada, as futuras decisões sobre o conflito na Faixa de Gaza estarão agora a cargo do gabinete de segurança, formado pelo ministro da Defesa Yoav Gallant, o ministro das Questões Estratégicas Ron Dermer e o conselheiro da Segurança Nacional Tzachi Hanegbi.
"Agora que Eisenkot e Gantz saíram, o gabinete de guerra não é mais necessário. Isso significa que o gabinete de segurança, que é de, todo o jeito, o órgão encarregado de tomar decisões [sobre o conflito], se reunirá mais frequentemente", indicaram fontes próximas do governo.
Segundo a imprensa israelense, a dissolução também tem o objetivo de colocar um fim à intenção dos dois ministros da extrema direita, Ben Gvir e Bezalel Smotrich, de integrar o gabinete de guerra. Ambos não escondiam essa intenção desde o início do conflito.
Confusão política
Apesar de o fim do gabinete de guerra não causar surpresa, o anúncio ocorre em plena crise política em Israel. No domingo (16), as forças israelenses indicaram que realizavam uma "pausa" tática para a entrada de ajuda humanitária por meio da passagem de Kerem Shalom, no sul da faixa de Gaza. A iniciativa chegou a ser elogiada pela ONU, ainda que os ataques não tenham sido interrompidos.
O anúncio da "pausa" provocou incompreensão entre a classe política israelense, foi classificado de "inaceitável" por Netanyahu e suscitou críticas por parte de seus aliados da extrema direita. O exército foi obrigado a se justificar, explicando que a decisão foi tomada em parceria com o governo.
Segundo o correspondente da RFI em Jerusalém, Sami Boukhelifa, vários analistas israelenses acreditam que a decisão está principalmente relacionada ao risco de condenação de dirigentes do país pela justiça internacional. Netanyahu seria o principal beneficiado pela "pausa", que acalma as críticas contra ele, enquanto a guerra em Gaza continua.
(RFI com agências)