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Carros submersos no RS: ter seguro não é garantia de receber indenização

Vista de carros alagados na BR-116 em São Leopoldo (RS) - Nelson Almeira / AFP
Vista de carros alagados na BR-116 em São Leopoldo (RS) Imagem: Nelson Almeira / AFP
do UOL

Julio Cabral

Colaboração para o UOL

07/06/2024 04h00

Os danos causados pela tragédia de enchentes no Rio Grande do Sul ultrapassam centenas de milhões de reais.

Perdas humanas não têm preço, mas os danos materiais também são impactantes. Além de residências e estabelecimentos comerciais, o número de veículos atingidos é difícil de calcular. Segundo estimativa da Bright Consulting, o contingente pode ser superior a 200 mil.

Desses, nem todos contam com cobertura de seguro para acidentes naturais e os respectivos donos não deverão ser indenizados.

Quais apólices cobrem enchentes e outros desastres ambientais

Há dois tipos de categoria de seguro: completo/total e parcial.

Segundo Samuel Saucedo, corretor de seguros, "o total possui entre suas principais coberturas as seguintes: roubo, furto, colisão, queda de árvores, muros e enchentes e alagamentos".

Embora possa haver diferenças entre as apólices de cobertura completa, os principais termos costumam ser esses - lembre-se de verificar o que diz o seu contrato.

As diferenças são mais amplas em relação aos seguros parciais. A pedido do UOL Carros, Samuel dividiu a categoria em três tipos principais.

1 - Tem o seguro que cobre tão somente o roubo e/ou furto. Este não indeniza nem colisão, tampouco enchentes ou alagamentos. Então, quem contrata esse tipo de apólice não receberá a indenização.

2 - Existe o seguro que cobre incêndio e colisão e aí tem que ver se, dentro da cobertura de colisão que essa seguradora está oferecendo, ela inclui alagamento e enchente. Se a resposta for negativa, e o cliente não contratou essa proteção adicional, ele também não receberá sua indenização.

3 - Tem, ainda, os seguros que cobrem o roubo, furto e colisão, incluindo enchente e alagamento, mas aí a cobertura para esses riscos é somente se houver a perda total do veículo. Nesse caso, o cliente somente será indenizado se os dados superarem 75% do preço médio do veículo na Tabela Fipe, caracterizando a perda total. Portanto, se a enchente ou o alagamento causar danos inferiores aos 75% da Tabela Fipe, o proprietário não será ressarcido.

Preços são bem maiores

Cheias no RS deixaram milhares de carros destruídos; seguro não garante indenização, dependendo da apólice - Nelson Almeida/AFP - Nelson Almeida/AFP
Cheias no RS deixaram milhares de carros destruídos; seguro não garante indenização, dependendo da apólice
Imagem: Nelson Almeida/AFP

As diferenças de preços entre os tipos de apólices podem ser enormes, embora não seja possível cravar com exatidão.

"Essa diferença não dá para determinar um valor, porque depende muito de fatores como bônus, tempo de seguro (desconto de renovação) e perfil do cliente, afirma o especialista.

"Mas com certeza, quando se trata de um seguro novo, eu vejo que muitas vezes o chamado seguro total ou completo custa o dobro de valor e, muitas vezes, até mais do que isso", calcula.

A despeito de ser uma diferença grande, há casos em que vale a pena passar para uma categoria com cobertura mais abrangente.

"Para quem já tem mesmo o seguro parcial há muito tempo, muitas vezes vale a pena passar para o seguro total porque a diferença acaba ficando entre 30% e 50% maior. Aí, vale o esforço", recomenda Samuel.

Situação no Rio Grande do Sul

A CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras) informa que "historicamente, o Estado do Rio Grande do Sul possui uma cultura de seguro acima da média do Brasil - a entidade diz ter "certeza de que as empresas do setor não estão medindo esforços no apoio necessário para seus clientes neste momento".

Somente considerando o seguro auto, foram 8.216 registros de sinistro até agora, referentes a indenizações que superam os R$ 557 milhões no estado gaúcho.

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