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Espanha, Irlanda e Noruega reconhecem oficialmente a Palestina como Estado

28/05/2024 09h26

Espanha, Irlanda e Noruega oficializaram, nesta terça-feira (28), o reconhecimento da Palestina como Estado, uma decisão que provocou a indignação de Israel, que acusou o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, de ser "cúmplice na incitação ao assassinato do povo judeu".

Anunciado na última quarta de forma coordenada pelos três países, o passo foi formalizado nesta terça-feira. 

Este reconhecimento é uma "necessidade" para "alcançar a paz" entre israelenses e palestinos, além de ser "uma questão de justiça histórica" para o povo palestino, defendeu Sánchez, que se tornou uma das vozes europeias mais críticas à ofensiva israelense na Faixa de Gaza. 

Esta decisão não é adotada "contra ninguém, muito menos contra Israel, um povo amigo", indicou o mandatário socialista. 

O primeiro-ministro irlandês, Simon Harris, afirmou que a ação busca "manter viva a esperança" no Oriente Médio e pediu a Israel que escute "o mundo" e detenha a catástrofe humanitária na Faixa de Gaza.

O chefe da diplomacia da Noruega, Espen Barth Eide, pediu à comunidade internacional que redobre os esforços para apoiar a solução de dois Estados.

Em entrevista coletiva, o embaixador palestino em Madri, Husni Abdel Wahed, agradeceu o "passo tão importante" dado pelos três países europeus, mas pediu aos demais da região que, se apoiam a solução de dois Estados, "demonstrem seu compromisso e atuem conforme seus valores". 

- Troca de acusações -

Israel, para quem o reconhecimento é uma "recompensa ao terrorismo" do movimento islamista Hamas não demorou a criticar a medida. 

Em uma mensagem no X, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, acusou Sánchez de ser "cúmplice de incitação ao assassinato do povo judeu".

Há vários dias, Katz tem postado mensagens duras contra os três países nas redes sociais, por exemplo, vídeos misturando imagens do ataque do Hamas em 7 de outubro com outras referentes à Espanha, Irlanda e Noruega, e ironicamente dizendo que o movimento islamista estava grato por seu gesto.

O ministro também criticou Pedro Sánchez por manter no cargo a número três de seu governo, Yolanda Díaz, que afirmou recentemente que a "Palestina será livre do rio ao mar", slogan que o governo israelense, interpreta como um apelo à eliminação de Israel. 

Israel "há muitos dias faz provocações, com comentários desprezíveis nas redes sociais contra o nosso governo", o da Irlanda e da Noruega, disse o ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, que prometeu "uma resposta coordenada, serena e firme" dos três países a estes "ataques" e "provocações".

"Ninguém nos intimida", destacou Albares, que na quarta-feira receberá seus colegas do Qatar, Jordânia, Arábia Saudita e Turquia, que estão comemorando o reconhecimento do Estado da Palestina.

- Divisão na UE -

O reconhecimento foi anunciado na última quarta-feira de forma coordenada por Sánchez e pelos seus homólogos irlandês e norueguês, e foi oficializado pelos três países nesta terça-feira. 

Os três países europeus - embora a Noruega não pertença à UE - desejam que esta iniciativa de alto significado simbólico leve outros Estados a imitá-los. 

Noruega e Espanha desempenharam um papel importante no processo de paz da década de 1990 no Oriente Médio. Madri sediou uma conferência de paz árabe-israelense em 1991 que abriu caminho aos acordos de Oslo de 1993. 

No entanto, o reconhecimento da Palestina como Estado, algo que a Eslovênia poderá fazer em breve, causa divisão dentro da UE.

Para a França, por exemplo, não é um bom momento para fazê-lo, enquanto a Alemanha consideraria dar esse passo como resultado de negociações diretas entre as partes em conflito. 

Com Espanha, Irlanda e Noruega, o Estado da Palestina será reconhecido por 145 países dos 193 Estados-membros da ONU, incluindo o Brasil, que o reconheceu em 2010.

O governo israelense classifica o reconhecimento como uma "recompensa pelo terrorismo" do Hamas, cujo ataque de 7 de outubro no sul de Israel desencadeou a guerra na Faixa de Gaza. 

Comandos islamistas mataram mais de 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelenses. 

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva contra Gaza, que já deixou mais de 36 mil mortos, a maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde deste território governado pelo movimento islamista.

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© Agence France-Presse

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