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Processo de extradição de Assange é 'manipulado', acusa responsável pelo Wikileaks

15/05/2024 13h54

O editor-chefe do Wikileaks, Kristinn Hrafnsson, afirmou nesta quarta-feira (15) que os processos judiciais britânicos relacionados à extradição de Julian Assange para os Estados Unidos são "corruptos" e "manipulados", antes de uma audiência decisiva na segunda-feira sobre o caso.

A Justiça britânica decidirá na próxima segunda-feira (20) se concede a Julian Assange uma última apelação no Reino Unido para evitar sua extradição para os Estados Unidos, caso o país não ofereça novas garantias sobre o tratamento que o fundador do Wikileaks receberia.

"Está muito claro que os processos nos tribunais do Reino Unido (contra Assange) são corruptos. O caso está manipulado contra Julian", afirmou Hrafnsson em uma coletiva de imprensa em Londres.

"Sei que estas são palavras duras que normalmente usamos para os tribunais de países não europeus, não de países ocidentais, mas cheguei à conclusão de que é absolutamente o caso. Isso é corrupção institucional, a nível judicial. Julian Assange é um prisioneiro político, está muito claro", acrescentou o islandês.

A esposa de Julian Assange, Stella, não desmentiu o editor-chefe do Wikileaks.

"Não espero um resultado racional dos tribunais. Se tenho alguma esperança de que eles farão a coisa certa e Julian vencerá no final? É claro que tenho que ter alguma fé no fato de que isso pode acontecer. E espero que isso aconteça. Mas observei o que aconteceu nos últimos cinco anos (desde sua prisão no Reino Unido) e acho que a análise de Kristinn é sólida", explicou Stella Assange.

- Recurso no tribunal europeu -

A Justiça britânica anunciará na segunda-feira se as garantias que os Estados Unidos eventualmente apresentarem são ou não satisfatórias. 

Caso considere satisfatórias, a última opção de Assange seria o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH). Caso não as considere satisfatórias, Assange terá uma última apelação no Reino Unido.

"É claro que estamos prontos para entrar com um pedido no Tribunal Europeu de Direitos Humanos. Mas essa é uma medida excepcional. Não é um direito garantido de apelação", disse Jennifer Robinson, advogada de Julian Assange. 

O fundador do WikiLeaks teria duas semanas, de acordo com seus advogados, antes que a extradição se torne efetiva, para apresentar tal recurso ao TEDH.

Assange, de 52 anos, enfrenta nos Estados Unidos uma sentença de 175 anos de prisão por ter publicado, desde 2010, mais de 700.000 documentos confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas dos Estados Unidos, particularmente relacionadas ao Iraque e Afeganistão.

Stella Assange explicou que não tem nenhuma indicação do que os tribunais britânicos podem decidir na segunda-feira. 

"Tenho a sensação de que tudo pode acontecer neste momento. Julian pode ser extraditado ou libertado", disse ela.

- Risco de suicídio -

Julian Assange espera estar presente na audiência, disse sua esposa Stella Assange, que acrescentou que sua saúde mental é motivo de "extrema preocupação" e que "sua sobrevivência está em jogo" diante do risco de suicídio.

"Acabei de visitá-lo na prisão de Belmarsh (sudeste de Londres). Ele está sob enorme pressão. Está tendo problemas para dormir. Acho que é uma questão de domínio público que a saúde mental de Julian é extremamente preocupante. E que sua sobrevivência está em jogo", explicou Stella Assange. 

"Todos os testes psiquiátricos concluíram que há um risco muito sério de suicídio", acrescentou.

Devido a esse risco, a Justiça britânica inicialmente se recusou em janeiro a aprovar a extradição do fundador do Wikileaks, antes de revogar essa primeira decisão em fevereiro.

Após essas duas etapas, a Justiça britânica solicitou em março garantias aos Estados Unidos sobre o tratamento que dariam a Assange.

"Joe Biden ainda tem a oportunidade de ser o presidente dos EUA que colocará um fim a isso, agindo no interesse da liberdade de imprensa no jornalismo, em vez de permitir essa perigosa acusação que manchará para sempre a reputação do país", disse Rebecca Vincent, diretora de campanha da Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

spe-psr/ms/dd 

© Agence France-Presse

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