Microplásticos na comida: saiba quais alimentos podem conter mais
Não é exagero dizer que não existe lugar no mundo livre de plástico. Segundo cientistas, ele está em todos os lugares: na água, no ar e até na comida que consumimos. Saiba abaixo quais alimentos podem conter mais o material.
Peixes
A partir dos anos 2000, cientistas começaram a ver efeitos graves do material nos oceanos. "Tem uma grande 'sopa de plástico' no meio ambiente", afirma Luís Fernando Lourenço, pesquisador do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP e um dos autores do estudo que encontrou microplásticos em pulmões humanos.
Como são partículas (de plástico) muito pequenas, elas conseguem vencer barreiras do intestino e do pulmão e cair na corrente sanguínea, e daí elas vão para qualquer lugar do corpo, até para o cérebro Luís Fernando Lourenço, pesquisador
Algumas são tão pequenas que são chamadas de nanoplástico e, dizem os cientistas, existe a hipótese de que elas possam estar afetando até o funcionamento de células. "Se está fazendo mal para a saúde marinha, pode nos fazer mal também", completa Thaís Mauad, professora associada do Departamento de Patologia da USP.
Moluscos
Além de peixes, inclua na lista polvos, lulas e ostras. Um estudo da Universidade de Newcastle, na Austrália, disse que a maior fonte de ingestão de plástico é a água potável, mas que outra grande fonte são os moluscos, que tendem a ser consumidos por inteiro - e o plástico em seu sistema digestivo também.
Aves criadas soltas
Para Walter Waldman, químico e professor da Ufscar, a humanidade deveria estar mais preocupada com a presença de pequenas partículas de plástico em pequenos animais.
Os microplásticos prejudicam a minhoca, que é comida pelas aves que nós comemos. Não temos evidência conclusiva de que faz mal e qual é esse mal, mas os plásticos têm fontes potenciais de toxicidade Walter Waldman, químico
Alimentos embalados
Tudo o que você compra no supermercado que venha dentro de plástico pode oferecer risco de estar contaminado por minúsculas partículas desse material.
Alguns plásticos, como o polipropileno, liberam até 16 milhões de microplásticos por litro e a temperatura desempenha um papel importante.
Autores de um estudo apresentado na revista Nature Food submeteram modelos de mamadeiras ao processo de preparação recomendado pela Organização Mundial da Saúde: esterilização e preparação do leite materno com água aquecida a 70ºC, para eliminar as bactérias perigosas.
Se a água para preparar o leite é aquecida a 95ºC, a presença de plásticos pode aumentar para 55 milhões por litro; e diminui para pouco mais de meio milhão com a água a 25 graus.
Logo, um bebê de 12 meses ingere, em média, todos os dias, 1,5 milhão de microplásticos, segundo os cálculos dos pesquisadores.
*Com informações de reportagem publicada em 09/09/2022, 22/06/2019 e 20/10/2020