Topo
Notícias

Estudante chinês é condenado à prisão nos EUA por ameaçar ativista pró-democracia

24/04/2024 18h02

Por Nate Raymond

BOSTON (Reuters) - Um estudante de música chinês foi condenado nesta quarta-feira a nove meses em uma prisão dos EUA por assediar uma ativista que afixou panfletos em faculdade de Música de Berklee, em Boston, apoiando a democracia na China. 

Os promotores solicitaram que a juíza federal Denise Casper, de Boston, impusesse uma sentença de quase três anos de prisão a Xiaolei Wu, de 26 anos, para enviar uma mensagem de que os Estados Unidos não vão tolerar tentativas da China de silenciar pessoas de ascendência chinesa que expressam opiniões contrárias ao governo. 

A impor uma sentença mais curta, Casper mencionou que a campanha de assédio de Wu, embora "flagrante", durou pouco -- apenas dois dias -- e que Wu, sem antecedentes criminais, seria deportado quando sua sentença terminasse. 

Ela ponderou, no entanto, que uma sentença de prisão se justifica para dissuadir outros cidadãos chineses nos Estados Unidos e garantir que eles saibam que "ninguém pode se envolver em conduta criminosa, especialmente para suprimir liberdade de expressão". 

Autoridades ocidentais e norte-americanas trabalham para combater tentativas do governo da China de silenciar seus críticos no exterior. Grupos de direitos humanos reclamam de ameaças contra a liberdade acadêmica e monitoramento de estudantes chineses em campi universitários internacionais. 

Wu, que estava nos EUA com um visto de estudante, foi condenado por um júri em janeiro sob acusações de stalking cibernético e ameaças, pelo que os promotores afirmaram ter sido uma campanha para assediar uma recém-formada de Berklee, chamada apenas de Zooey no tribunal. 

Ele fez isso após ver uma foto no Instagram, postada pela ativista em outubro de 2022, de um panfleto que ela colocou no campus da faculdade particular de música com os dizeres "Queremos liberdade", "Queremos democracia" e "Apoiamos o povo chinês".

Em resposta, Wu postou em um bate-papo de 300 pessoas entre alunos e ex-alunos chineses da Berklee no aplicativo de mídia social WeChat uma exigência para que ela retirasse os panfletos "reacionários" e ameaçou cortar suas mãos se ela postasse mais.

Os promotores disseram que ele fez outras ameaças e alegou ter feito uma denúncia a uma agência de segurança pública chinesa sobre ela, ameaça que ele cumpriu, denunciando-a à sua mãe, uma autoridade do governo chinês.

Wu, um guitarrista que estudava jazz, pediu desculpas no tribunal nesta quarta-feira por seu "comportamento imprudente", dizendo que precisava "assumir a responsabilidade e aceitar" o que fez. 

"Por ter feito Zoey se sentir ameaçada, eu sinto muito", disse.

(Reportagem de Nate Raymond em Boston)

Notícias