Topo

Em emergência orçamentária, universidades desafiam cortes de Milei na Argentina

23/04/2024 11h08

Estudantes universitários convocaram, nesta terça-feira (23), uma manifestação na Argentina em repúdio à falta de financiamento do ensino público superior, da pesquisa e da ciência no âmbito do ajuste econômico do presidente de direita Javier Milei, uma reivindicação apoiada por sindicatos e partidos da oposição. 

Nas principais cidades do país, estudantes, licenciados, docentes e auxiliares das 57 universidades federais sairão às ruas "em defesa do ensino universitário público gratuito" em manifestações que, segundo as previsões, serão massivas. 

Relacionadas

As universidades declararam emergência orçamentária depois que o governo decidiu prorrogar para este ano o mesmo orçamento que recebeu em 2023, apesar da inflação interanual que atingiu 290% em março.

Milei recusou-se a adaptar o orçamento em favor da sua política de déficit zero comprometida com o Fundo Monetário Internacional. "Não esperem que perca a mão no gasto público", alertou na segunda-feira ao anunciar na televisão nacional que as contas públicas registraram um superávit no primeiro trimestre, embora com milhares de demissões, um colapso da atividade econômica e do consumo. 

Na semana passada e no calor dos protestos universitários, concedeu-lhes "aumentar as rubricas de despesas operacionais em 70% em março e outros 70% em maio", além de uma quantia extraordinária para os hospitais universitários, disse o porta-voz presidencial Manuel Adorni, na segunda-feira.

As despesas operacionais excluem os salários docentes, que representam 90% do orçamento universitário. 

Os reforços contrastam com o custo das tarifas de energia, que aumentaram 500% este mês, colocando as universidades à beira da paralisação, disseram as autoridades. 

"Pelo ritmo que estão nos dando dinheiro, só poderemos funcionar de dois a três meses", disse o reitor da Universidade de Buenos Aires (UBA), Ricardo Gelpi.

Milei questionou a transparência do uso de fundos e a qualidade do ensino ao sugerir que as universidades públicas "são usadas para negócios obscuros e doutrinação", escreveu ele na rede X no fim de semana. 

Cerca de 2,2 milhões de pessoas estudam no sistema universitário público, escolhido por 80% dos estudantes em vez de instituições privadas, em um país com quase metade da sua população na pobreza. 

O sistema de ensino superior federal goza de grande prestígio acadêmico e foi o berço dos cinco ganhadores do Prêmio Nobel da Argentina, três deles em ciências exatas, além de inúmeros pesquisadores premiados, de desenvolvimentos científicos e tecnológicos reconhecidos mundialmente. 

A maioria dos líderes argentinos formou-se no sistema público, assim como metade do atual gabinete de ministros, enquanto Milei é economista pela universidade privada de Belgrano.

sa/lm/dga/aa/fp

© Agence France-Presse

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Em emergência orçamentária, universidades desafiam cortes de Milei na Argentina - BOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao BOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Notícias