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Ver extrato, ir ao banco e mais: como evitar golpes contra idosos

Especialistas orientam como evitar ou identificar golpes financeiros contra idosos - iStock
Especialistas orientam como evitar ou identificar golpes financeiros contra idosos Imagem: iStock
do UOL

Daniele Dutra

Colaboração para o UOL, no Rio

18/04/2024 12h04

O caso da mulher que tentou concluir um empréstimo de R$ 17 mil no nome do tio, em uma agência bancária em Bangu, zona oeste do Rio, faz acender um alerta para golpes financeiros contra idosos. O caso está em investigação e ainda não é possível concluir se houve tentativa de fraude.

Como evitar

Quando a própria pessoa desconfia estar sendo vítima de um golpe, é preciso tomar medidas: checar mensalmente sua movimentação bancária; não deixar autorizado que qualquer pessoa da família o acompanhe ao banco; não assinar qualquer documento em conjunto; sempre assinar de forma isolada, longe do acompanhante suspeito.

Já no caso de pessoas de fora estarem desconfiadas, é preciso acionar as autoridades, ir à delegacia mais próxima ou procurar a Defensoria Pública.

Quando o golpe é aplicado por alguém da própria família, os comportamentos são específicos e costumam a chamar atenção, explica Amaury Andrade, advogado e professor de direito penal.

Se o golpista for pessoa da família, fique atento à movimentação de aquisição de bens, imóveis, troca de carro, aquisição de roupas e joias. É muito raro um golpista querer se beneficiar para pagar uma dívida. Na maioria das vezes, é para adquirir algum patrimônio.

Presença do idoso no banco pode ajudar a evitar golpes

A ida mensal ao banco e a checagem do extrato podem ser importantes para evitar golpes, segundo Amaury Andrade.

Os golpes precisam ser identificados quando o idoso, aposentado ou pensionista for pegar o seu benefício no banco. É necessário que todo mês seja verificado se há alguma mudança no extrato bancário, até porque se não for verificado todos os meses, o golpista pode se aproveitar dessa falta de atenção por parte do beneficiário para realizar golpes de pagamento a longo prazo.
Amaury Andrade, advogado e professor de direito penal

O caso do idoso levado supostamente morto ao banco mostra a importância de contratações e empréstimos bancários serem feitos apenas presencialmente, para que a própria pessoa possa assinar ou então para que as pessoas no banco percebam algo errado, diz Valmery Jardim Guimarães, do Neapi (Núcleo Especial de Atendimento à Pessoa Idosa), da Defensoria Pública do Rio. No caso da agência bancária de Bangu, no Rio, foram as próprias funcionárias que perceberam que tinha algo de errado com o idoso e acionaram o Samu. Elas imaginaram que ele estivesse passando mal, como é relatado no vídeo.

Estamos na luta para aperfeiçoar a legislação, como passar a exigir que a contratação de empréstimo bancário, no caso da pessoa idosa, só seja feita com assinatura física. Hoje, a facilidade para fazer empréstimo é tão grande que se pode fazer pelo aplicativo, via celular, computador, no caixa eletrônico, etc. Isso abriu uma porta larga para que idosos sejam vítimas desses golpes.
Valmery Jardim Guimarães, do Neapi

Como denunciar

Assim que o golpe for identificado, os especialistas orientam que um parente procure as autoridades policiais competentes para investigar de onde surgiu esse crime.

A partir disso, é possível identificar se foi facilitação do golpe produzido pelo próprio funcionário do banco, ou se foi um golpe ativo por parte de um meliante, por meio de invasão de conta ou algo do tipo.
Amaury Andrade.

Além da delegacia do Idoso, é possível denunciar crimes como esse no Ministério Público e na Defensoria Pública do Estado do Rio, pelo número 129, que orienta o local mais adequado para atendimento. Para quem desconfia ser uma das vítimas, Valmery Guimarães orienta pedir ajuda de pessoas de muita confiança e procurar a Defensoria.

Entenda o caso

No vídeo gravado na última terça, Erika de Souza Vieira Nunes chama o homem de "tio" e pede que ele assine um documento. A mulher aparece segurando o braço e a cabeça do idoso, que estava numa cadeira de rodas, de boca aberta e totalmente inerte.

Tio Paulo, está ouvindo? O senhor precisa assinar. Se o senhor não assinar, não tem como. Eu não posso assinar pelo senhor, tem que ser o senhor. O que eu posso fazer, eu faço.

Ela pergunta às funcionárias do banco se elas viram o idoso segurar a porta, para mostrar que ele pode assinar o documento. "Não vi", respondem. Uma das funcionárias diz que o homem não está bem, mas a suposta sobrinha rebate: "Ele é assim mesmo".

Profissionais da saúde foram acionados e constataram que o homem estava morto. Aparentemente, o óbito teria ocorrido algumas horas antes, indicando que ele já teria entrado no banco morto. Um laudo da necropsia, porém, não confirmou se ele estava morto antes de chegar ao banco.

A defesa de Erika afirmou que o homem estava vivo quando foi levado ao banco. Ela tentou concluir um empréstimo de R$ 17 mil. O motorista de aplicativo que a levou à agência disse à polícia que o idoso estava vivo no trajeto.

O caso está sendo investigado pela 34ª DP e a Polícia Civil está em busca de parentes da vítima que não estejam ligados a Erika.

A mulher vai responder por tentativa de furto e por vilipêndio. Isso pode acontecer por meio de palavras, gestos ou ações. No vilipêndio a cadáver, o crime é desrespeitar o corpo ou as cinzas de um cadáver.

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