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Chefes da Defesa de EUA e China se reúnem pela primeira vez em 18 meses

16/04/2024 14h16

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, e seu colega chinês, Dong Jun, conversaram nesta terça-feira (16) por videoconferência pela primeira vez em um ano e meio, um sinal de que pretendem manter o diálogo, apesar da tensão.

Os Estados Unidos trabalham para fortalecer a cooperação em matéria de defesa com seus aliados na região da Ásia e Pacífico para enfrentar a crescente influência da China, mas também quer manter linhas de comunicação com Pequim para evitar que as tensões saiam do controle.

"Os dois funcionários falaram das relações de defesa entre Estados Unidos e a RPC e de temas de segurança regional e global", informou em nota o porta-voz do Pentágono, general Pat Ryder, referindo-se à República Popular da China. "O secretário Austin enfatizou a importância de seguir abrindo linhas de comunicação entre militares dos Estados Unidos e a República Popular da China", após as negociações dos últimos meses entre as duas partes, acrescentou.

Dong Jun pediu esforços para fortalecer a confiança entre as forças armadas das duas potências. "A esfera militar é crucial para estabilizar o desenvolvimento da relação e impedir que grandes crises aconteçam", declarou.

Lloyd Austin "reiterou que os Estados Unidos seguirão voando, navegando e operando - de maneira segura e responsável - onde quer que o direito internacional permita", e "destacou a importância do respeito à liberdade de navegação em alto mar garantida pelo direito internacional, especialmente no mar do Sul da China". 

A última interação significativa de Austin com um homólogo chinês ocorreu em novembro de 2022, quando se reuniu com Wei Fenghe no Camboja. 

Depois, Wei foi substituído por Li Shangfu, que apertou a mão e falou rapidamente com Austin em uma cúpula de Defesa em Singapura em junho, mas não manteve uma reunião formal com o chefe do Pentágono. 

A China não estava disposta a aceitar conversas entre Austin e Li enquanto este último estivesse submetido a sanções americanas, declarou aos jornalistas um alto funcionário de Defesa americano, obstáculo eliminado quando Li foi substituído por Dong no ano passado. 

- Tensão entre Estados Unidos e China -

Existem diversos pontos de discórdia entre Washington e Pequim, especialmente em torno de Taiwan, a ilha democrática e autogovernada que a China reclama como parte de seu território para tomá-la algum dia, pela força se for necessário. 

Pequim interrompeu em agosto de 2022 a cooperação com os Estados Unidos em assuntos como as negociações sobre Defesa para expressar seu descontentamento por uma visita à ilha da então presidente da Câmara de Representantes americana, Nancy Pelosi. Mas o presidente americano, Joe Biden, e seu contraparte chinês, Xi Jinping, acordaram retomar as conversas em uma cúpula celebrada em novembro. 

As disputas sobre o Mar do Sul da China, que Pequim reclama quase em sua totalidade, são outro ponto de discórdia, com confrontos entre navios chineses e filipinos que reacendem os temores de um conflito mais amplo. 

Os Estados Unidos também destacaram diversos incidentes nos últimos anos nos quais, segundo afirma, aviões de combate e navios chineses operaram de forma insegura ao redor de aviões e barcos americanos. 

Austin insistiu repetidamente na importância das comunicações entre militares como meio para evitar possíveis conflitos, e houve várias interações recentes entre oficiais militares dos Estados Unidos e China apesar das tensões entre as duas partes. 

Por exemplo, o general Charles "CQ" Brown, alto oficial do Exército americano, falou com seu homólogo, o general Liu Zhenli, em dezembro, e esse mês ocorreram conversas entre oficiais militares de Washington e Pequim sobre a segurança nas interações entre suas Forças Armadas. 

O Pentágono e a China "seguem discutindo futuros compromissos" entre seus "altos dirigentes de Defesa e militares", declarou um alto funcionário americano sob condição de anonimato. 

E acrescentou: "Esses compromissos não dão a oportunidade de evitar que a concorrência derive em conflito falando com franqueza sobre nossas preocupações". 

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© Agence France-Presse

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