O colunista do UOL Reinaldo Azevedo afirmou no Olha Aqui! desta quarta (3) que a estratégia de segurança pública usada pelo secretário da pasta do governo de São Paulo, Guilherme Derrite, é parte de um estratagema também eleitoral da extrema direita. Derrite disse não saber que a Operação Verão, que durou 105 dias na Baixada Santista, deixou 56 mortos.
Como assim 'eu nem sabia'? É o maior número de mortos em curto período desde o Carandiru. Sabia e não dava bola, esse é o ponto. Sabia e se tem uma concepção de polícia que transforma número de mortos em prova de eficiência, o que é muito grave. Divulgaram números depois da operação: caiu 25% o número de assaltos, 119 armas apreendidas, 1.025 presos, 438 eram procurados, 2,6 toneladas de drogas apreendidas, mas é um truque tão mixuruca. Foi por causa dessa operação, sem ela nada disso teria sido feito? Aqueles que criticam a operação não queriam polícia nenhuma? Queria que não tivesse polícia na Baixada? Que bobagem é essa? Claro que não, claro que é uma polícia que está perdendo a mão. Em outra operação, uma senhora sentada na praça levou um tiro, um PM matou outro por engano. Claro que há uma perda de referência, de padrão, de uma polícia que demorou 30 anos para chegar a um padrão civilizado. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Reinaldo chamou atenção para a gravidade das denúncias que chegaram à Ouvidoria.
Não tomo como verdade, mas não podem ser ignoradas. Em pelo menos 8 ocorrências, 12 mortos tinham sinais de execução, houve truculência na abordagem das pessoas. 'Ninguém falou dos quatro policiais mortos'. Todo mundo falou. O problema é que não se pode iniciar uma guerra desse modo. Estava na cara até pelo local de atuação dos policias, que não havia exatamente uma operação. Havia um troço: 'Desce lá e vamos mostrar que estamos presentes'. Operação é outra coisa: ela é mais organizada e mais direcionada. Crime organizado ficou mais fraco depois dessa operação? Eu ousaria dizer que quando a polícia entra nessa lógica você até fortalece o crime organizado. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
E aí, num ataque ao governo anterior, do [João] Doria, e certamente pensando talvez também no Lula, fala do crime organizado que se expandiu. Ele se fortaleceu mesmo, por exemplo, por causa da política de armas do líder deles, Jair Bolsonaro. Uma parte considerável das armas dos CACs usaram a fachada do caçador, atirador e colecionador para comprar armas pro narcotráfico, porque as armas não tinham controle nem rastreamento. Houve pelo menos 2 milhões de munições compradas com documentos falsos, inclusive de menores de idade. O que a extrema direita tem a oferecer na área de segurança é mais insegurança, sob aparência de que está sendo dura com o crime. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Reinaldo Azevedo criticou ainda a proposta de Derrite que põe fim às "saidinhas" dos presos em feriados.
Isso vai aumentar a pressão dos presídios e só aumenta o poder do crime organizado. Foi votado no Congresso. Tem erro que talvez precise prosperar para saber que o caminho é outro. Que as coisas estão complicadas na polícia de SP estão, como o projeto de aposentadoria feita na ponta da caneta para aposentar os adversários do Derrite na PM, uma geração que é contra a politização da PM. Temos a maior PM do Brasil, com uma linguagem politizada como nunca vi antes e sabemos que o governador é pré-candidato à Presidência. Segurança pública será tema importante em 2026. A resposta que a extrema direita tem é endurecimento penal que por si não resolve nada, bala, truculência, como se isso resolvesse. Isso alimenta a política do ódio. É o que dá entregar a Secretaria de Segurança Pública pra um policial que teve de deixar a polícia e ir pra política porque seus métodos não eram os melhores. A sua biografia como policial era notória por cancelamentos de CPF. É claro que ele sabia [das 56 mortes] e tava dando de ombros. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
O Olha Aqui! vai ao ar às segundas, quartas e quintas, às 13h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.
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