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Entregador é baleado após PM se recusar a buscar pedido em portaria no Rio

do UOL

Do UOL, em São Paulo e colaboração para o UOL, em São Paulo

05/03/2024 10h34Atualizada em 05/03/2024 18h15

Um entregador foi baleado por um policial militar, que teria se recusado a descer para buscar o pedido na portaria, na segunda-feira (4), na Vila Valqueire, zona oeste do Rio de Janeiro.

O que aconteceu

O policial militar e a esposa dele fizeram um pedido de comida por aplicativo, que foi entregue por Nilton Ramon de Oliveira. Após a chegada da encomenda, o agente e a mulher teriam se recusado a descer para buscá-la, e o entregador informou que não iria subir até o apartamento deles, porque não fazia parte de seu trabalho.

Como o PM não desceu, o entregador fez os trâmites de devolução do produto e retornou para a lanchonete onde a compra foi feita, quando foi abordado pelo cliente, na praça Saiqui. Imagens feitas por Nilton mostram os dois discutindo. O agente está armado e questiona por que o entregador está "com a mão na cintura". O jovem nega que esteja armado, levanta a camisa e fala: "Tô armado não, filho. Sou trabalhador".

Em seguida, o jovem diz estar sendo ameaçado pelo policial. "Ele está tentando me agredir. Mostrou a arma na minha cara. Tira a arma e faz na mão", falou.

O agente rebate o entregador e diz que ele teria sido mal-educado com sua esposa. "Trabalhador o caralh*. Minha mulher te tratou com maior educação, vai tomar no seu c*. Seja educado. Não se propõe a fazer entrega? Então seja educado. Minha mulher tem 42 anos e te respondeu na maior educação".

Posteriormente, é possível ver Nilton caído no chão, ensanguentado, baleado na perna. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e internado em estado grave no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. O UOL procurou a Secretaria de Saúde para saber qual o quadro clínico dele, mas não obteve retorno. Em caso de resposta, o texto será atualizado.

O policial se apresentou na delegacia, prestou depoimento no 32º DP de Taquara e foi liberado em seguida. Ele alegou ter agido em legítima defesa. Não foi informado se ele teve a arma apreendida. O caso é investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Em nota, a Polícia Militar informou que a Corregedoria abriu um procedimento para averiguar as circunstâncias do fato e que ocorrência está em andamento.

Como o PM não teve a identidade revelada, o UOL não conseguiu localizá-lo para pedir um posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.

iFood bane PM da plataforma e diz que Nilton agiu corretamente

Em nota ao UOL, o iFood informou que a conta do PM foi banida da plataforma. Afirmando "não tolerar qualquer tipo de violência contra os entregadores parceiros", a plataforma disse que o entregador está recebendo apoio jurídico, por meio da atuação de uma advogada do coletivo de defensoras Black Sisters in Law, que acompanhará todo o processo jurídico do caso.

"Nilton agiu corretamente", diz gerente do iFood. Tatiane Alves também comunicou que a plataforma está em contato com familiares do trabalhador e se colocou à disposição para apoiá-los no que for necessário.

Entregador deve entregar pedido em "primeiro ponto de contato", seja portão da casa ou portaria do prédio. A empresa disse informar os entregadores e consumidores sobre a recomendação. Ainda segundo a plataforma, ela vem promovendo iniciativas ações para conscientização de moradores e capacitação de profissionais de condomínios no Rio. "Esperamos que o caso não fique impune e que Nilton se recupere."

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