Protesto com voto "descomprometido" visa Minnesota em resposta a apoio de Biden a Israel
Por Nandita Bose
MINNEAPOLIS (Reuters) - O movimento "descomprometido" para pressionar o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a mudar sua política em relação a Israel dirige-se agora para Minnesota, onde ativistas esperam que uma coalizão de democratas progressistas e muçulmano-americanos alimentem um forte voto de protesto na chamada Super Terça.
Minnesota não é um Estado crucial para a eleição de novembro, dada a histórica força local dos democratas. Qualquer voto "descomprometido" não terá o mesmo impacto do que o protesto inesperadamente grande de Michigan da semana passada, que rendeu dois delegados para a Convenção Nacional Democrata em agosto.
Ainda assim, a votação é observada de perto para medir a força de Biden dentro do seu próprio partido.
"Haverá outra votação de protesto contra Biden com o objetivo de parar a guerra", disse Jaylani Hussein, co-presidente do movimento Abandone Biden em Minnesota, um dos muitos grupos que incentivam o voto com ligações telefônicas, mensagens de texto e eventos em mesquitas e centros comunitários.
Hussein estima que o Estado do meio-oeste tenha cerca de 250.000 muçulmanos. Ele afirmou que a operação de Minnesota busca alcançar pelo menos 10.000 votos "descomprometidos", mas os números podem acabar sendo maiores.
O movimento "descomprometido" pede que Biden apoie um cessar-fogo permanente e interrompa a ajuda a Israel. O apoio forte de Biden a Israel desde o início e sua recusa em condicionar a ajuda militar à garantia de que não haja mortes de inocentes ou destruição de infraestrutura gerou indignação em parcelas importantes de sua coalizão, que pode afetar suas chances de reeleição contra o provável adversário republicano, Donald Trump.
Biden, de 81 anos, enfrenta baixos índices de aprovação geral e preocupações com sua idade, assim como Trump, de 77 anos. Caso Trump seja reeleito, a expectativa é que ele seja um forte apoiador de Israel e do primeiro-ministro de direita, Benjamin Netanyahu.
Os resultados de Michigan, onde Biden levou 81% dos votos, mostram que o seu "núcleo duro de apoiadores ainda está com ele", disse uma autoridade da campanha Biden, que espera ver os mesmos resultados em Minnesota.
"Nada disso significa que iremos ignorar a população árabe-americana e muçulmana americana", disse a autoridade. "Não o faremos. Não estamos dando como certo o voto de ninguém."
O comentário mais incisivo dos EUA sobre a guerra até o momento partiu da vice-presidente Kamala Harris, que no domingo pediu um cessar-fogo imediato em Gaza e instou o Hamas a aceitar um acordo para libertar reféns em troca de uma cessação das hostilidades por seis semanas.
Mesmo com o voto de protesto, Biden deve varrer as primárias democratas em Minnesota e em mais de uma dúzia de outros Estados em 5 de março, a chamada Super Terça, e garantir a nomeação do Partido Democrata nas próximas semanas.
"COMPARE-O COM A ALTERNATIVA"
A campanha de Biden e muitas autoridades do Partido Democrata acreditam que, no fim das contas, democratas insatisfeitos apoiarão Biden em novembro quando forem confrontados com a perspectiva de Trump.
No geral, 61% dos democratas apoiam a maneira como Biden lida com o conflito entre Israel e Hamas, segundo pesquisa de fevereiro da Harvard-Harris, embora uma levantamento da Reuters/Ipsos no mesmo mês tenha mostrado que 56% dos democratas preferem um presidente que não apoie o auxílio militar a Israel.
Ken Martin, presidente da seção de Minnesota do Partido Democrata, formalmente conhecido como Partido Democrata-Agrícola-Trabalhista (DFL, em inglês), disse a jornalistas que "esta é uma eleição existencial" e espera que Biden tenha apoio quase unânime no Estado.
"Eu respeito o sentimento das pessoas e as diferenças de opinião em uma série de questões. Mas, como diz Joe Biden, não o 'compare com o Todo-Poderoso, compare com a alternativa', e acho que essa é a realidade aqui", disse Martin.
(Reportagem de Nandita Bose em Washington)
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