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Ato pró-Bolsonaro tem trio com investigados pela PF; Hang e Castro não irão

do UOL

Do UOL, em São Paulo

25/02/2024 04h00

Convocado como um evento para defender a democracia, o ato pró-Bolsonaro na avenida Paulista vai reunir alvos da Polícia Federal suspeitos de tentar um golpe de Estado.

O que é esperado

Suspeito de coordenar uma Abin paralela, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) estará presente. Ele é apontado pela PF como líder de um grupo que usava equipamento de espionagem para monitorar de forma ilegal adversários e desafetos de Bolsonaro.

O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) é outro investigado que estará no ato. Ex-líder da oposição na Câmara, é apontado como a liderança que ordenou o bloqueio de estradas depois da derrota de Bolsonaro nas eleições.

A PF encontrou mensagens de Jordy orientando manifestantes. Ele dialogava com Carlos Victor de Carvalho, que mais tarde foi alvo de um mandado de prisão e fugiu. Mesmo na condição de foragido, o suspeito permaneceu mantendo contato com o deputado.

Intimada pelo STF em pleno plenário da Câmara, Carla Zambelli (PL-SP) é outra parlamentar que vai ao ato. A deputada é ré desde o ano passado por ter sacado uma arma e perseguido um homem pelas ruas de um bairro nobre de São Paulo.

A vítima era um apoiador de Lula, e o episódio ocorreu na véspera do segundo turno. Zambelli já tinha sido procurada duas vezes para receber a intimação e não fora localizada. Depois do episódio no plenário, ela está ciente que deve apresentar defesa no processo.

Presente na reunião usada como uma das justificativas para a operação da PF sobre a tentativa de golpe, o deputado Filipe Barros (PL-PR) também vai à Paulista. O encontro citado pela Justiça reuniu ministros e aliados mais próximos do ex-presidente e nele foram feitas várias declarações de sentido golpista.

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O deputado Ramagem é suspeito de operar uma Abin paralela a mando de Bolsonaro
Imagem: Foto: Carolina Antunes/PR

Barrados no baile

A lista de presenças enroladas em investigações poderia ser maior. Ex-ministros, assessores e militares de alta patente não podem comparecer porque estão proibidos de se encontrarem com Bolsonaro.

O motivo é que esses aliados do ex-presidente também estão no inquérito que apura a suposta tentativa de golpe. O ministro do STF Alexandre de Moraes proibiu que eles se falem para evitar que combinem versões.

A decisão inclui o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Ele foi o cacique político que filiou Bolsonaro na tentativa de reeleição e ambos trabalhavam no mesmo prédio em Brasília.

A relação de pessoas impedidas de visitar Bolsonaro também inclui militares. O general Braga Netto foi ministro e candidato a vice de Bolsonaro. O general Heleno era ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional).

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Presidente do PL, Valdemar Costa Neto está proibido pela Justiça de comparecer ao ato
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Ausência espontâneas

Alguns aliados que foram muito próximos de Bolsonaro não estarão em São Paulo neste domingo. A lista inclui empresário e políticos que obtiveram ganhos eleitorais se vinculando ao ex-presidente.

É o caso do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). Ele estará em viagem a Lisboa, onde participa de uma feira de turismo e reunião com a TAP, empresa aérea portuguesa.

Vice-presidente na gestão Bolsonaro, Hamilton Mourão não planeja comparecer. A informação da assessoria dele é de que, no momento, a decisão é faltar ao ato. Mas foi levantada a possibilidade de mudança de ideia.

Presença constante nas agendas de campanha e lives de Bolsonaro, Luciano Hang não vai. O dono da Havan afirmou que se afastaria da política no término do segundo turno das eleições de 2022.

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Depois da derrota de Bolsonaro nas eleições, Hang disse que se afastaria da política
Imagem: Reprodução/Facebook

Lista de aliados ausentes

  • Luciano Hang, empresário e apoiador de Bolsonaro em 2022
  • Damares Alves (Republicanos-DF), senadora
  • Gladson Cameli (PP), governador do Acre
  • Antonio Denarium (PP), governador de Roraima
  • Onyx Lorenzoni, ex-ministro da Casa Civil
  • Cláudio Castro (PL), governador do RJ

Dúvidas

O ex-juiz Sergio Moro, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, ainda não se pronunciou. Questionado pelo UOL sobre a presença no ato, ele respondeu que não se manifestaria.

Um dos filhos do ex-presidente também é dúvida: Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador do Rio de Janeiro.

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O senador Sergio Moro não respondeu se vai ou não ao ato
Imagem: Pedro França/Agência Senado

Quem vai

Quatro governadores aliados do ex-presidente estarão na Paulista: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina.

Todos terão direito a discursar, segundo organizadores do evento. Mas a decisão de falar com o público caberá a cada um deles.

Para o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), o evento é uma encruzilhada. O chefe do Executivo paulistano espera contar com o apoio de Bolsonaro na campanha para a reeleição —a presença de Nunes é dada como importante para a manutenção da parceria. Aliados, entretanto, desaconselharam a participação.

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A realização do ato foi decidida no carnaval durante uma conversa de Bolsonaro com o pastor Silas Malafaia
Imagem: Reprodução/Facebook

O ato foi convocado por Bolsonaro após a operação da PF —que o investiga pela participação na tentativa de golpe de 8 de Janeiro. O ex-presidente teve seu passaporte apreendido pela Polícia Federal, mas alega inocência e vê no ato uma forma de engajar seus aliados.

O evento está sendo financiado e organizado por Silas Malafaia. O líder religioso contratou dois trios elétricos e é responsável pela organização da manifestação na Paulista. Malafaia estará no ato e deve discursar.

A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, deve fazer uma oração de abertura. O assessor do ex-presidente, Fábio Wajngarten, e o deputado federal Zucco (PL-RS) também organizam a manifestação e vão marcar presença.

Quem vai estar no ato, segundo organizadores

  • Silas Malafaia, pastor e financiador do evento
  • Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama
  • Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo
  • Jorginho Mello, governador de Santa Catarina
  • Ronaldo Caiado, governador de Goiás
  • Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais
  • Ciro Nogueira, ex-ministro da Casa Civil
  • Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente
  • Flávio Bolsonaro (PL-RJ), senador
  • Jorge Seif (PL-SC), senador
  • Marcos Pontes (PL-SP), senador
  • Carlos Portinho (PL-RJ), senador
  • Magno Malta (PL-ES), senador
  • Marcos Rogério (PL-RO), senador
  • Luis Carlos Heinze (PP-RS), senador
  • Izalci Lucas (PSDB-DF), senador
  • Nikolas Ferreira (PL-MG), deputado federal
  • Carla Zambelli (PL-SP), deputada federal
  • Bia Kicis (PL-DF), deputada federal
  • Pastor Marcos Feliciano (PL-SP), deputado federal
  • Altineu Côrtes (PL-RJ), deputado federal líder do PL na Câmara
  • Mário Frias (PL-SP), deputado federal
  • Gustavo Gayer (PL-GO), deputado federal
  • Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), deputado federal

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