Qual é a história do parque Playcenter, que foi comprado pela Cacau Show
A Cacau Show comprou todas as marcas e ativos do Grupo Playcenter. O objetivo é unir a venda de chocolates com o entretenimento, já que, por quase 40 anos, o parque de diversões foi o sonho de consumo de muitas pessoas. O grupo ainda tem operações menores, em shoppings. Mas qual é a história do parque Playcenter, fechado há 12 anos?
Diversão e chocolate
A compra foi informada na terça-feira (20) e o valor do negócio não foi divulgado. Alexandre Costa, fundador e CEO da Cacau Show, deu a notícia através de um vídeo nas redes sociais. A empresa completa 35 anos, tem mais de 4.200 lojas espalhadas pelo Brasil e agora a ideia é direcionar mais para o "show", envolvendo o chocolate em novos ramos.
Decisão da venda do Grupo Playcenter para a Cacau Show foi exclusiva. Se deu por conta da identificação de propósitos e valores compartilhados entre as duas empresas.
Fundador do Grupo Playcenter, Marcelo Gutglas enxerga como uma oportunidade de dar continuidade ao legado. A venda para a empresa de chocolates seria ideal para seguir com o pioneirismo no segmento de parques de diversões do Brasil, disse em nota.
Transação será submetida à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Para Costa, se trata de um passo significativo na jornada da marca, e estão sendo avaliadas formas de unir as duas operações. A aquisição do grupo pode trazer de volta o tradicional parque de diversões.
Ao longo do tempo, percebi em Alê Costa uma conexão especial em relação à visão de negócios e ao compromisso em proporcionar experiências memoráveis.
Marcelo Gutglas, fundador do Grupo Playcenter, em nota
Febre entre os brasileiros
Playcenter foi um parque de diversões que fez sucesso no Brasil por quase quatro décadas. Inaugurado em 27 de julho de 1973, foi o primeiro grande parque de São Paulo. Localizado às margens da Marginal Tietê, chegou a receber cerca de 1,6 milhão de pessoas todos os anos e chamou a atenção por brinquedos inéditos no país como a montanha-russa Super Jet, o Carrossel, o Twister, a Maria Fumaça e a Casa do Monstro.
Além das atrações, o local contava com uma lanchonete na cobertura. Nesse espaço, também havia lojas de souvenires, bijuterias, pesca eletrônica, pistola d'água, fliperama e cabine de som.
Com o slogan "Playcenter, o lugar onde todos se divertem", o parque abraçou as comemorações. Shows internacionais, apresentações de samba no Carnaval, evento da Semana do Trabalhador e o lançamento do filme King Kong foram alguns momentos organizados pela empresa. Bananas de Pijamas, Sítio do Pica-Pau Amarelo e a dupla Et & Rodolfo eram nomes populares em eventos. O Playcenter focava em produzir entretenimento infantil, mas também pensava em como atrair os adultos com promoções e shows. A nostalgia é tanta, que em seu site oficial, há uma galeria de postagens de várias pessoas aproveitando o parque.
Problemas administrativo e crise financeira
Acidentes contribuíram para mudar o rumo da história. Um deles foi em 2011, quando três pessoas se machucaram, duas feridas no Double Shock e uma na montanha-russa Looping Star. Nenhuma recebeu indenização, apenas o atendimento hospitalar bancado pela empresa.
A empresa acumulou uma dívida alta. A GP Investments, que detinha 50% das participações do Playcenter, parou de investir mesmo após assumir o controle da empresa por um tempo.
Com as falhas, reestruturar o parque era um desafio nada barato. A necessidade de novas atrações, mudança na logística do espaço e exigências para renovação anual do alvará foram empecilhos para manter o negócio de pé.
Fim de uma era
Em 2012, o parque fechou as portas e hoje há prédios comerciais no lugar. A despedida foi em um domingo com emoção dos funcionários, que decoraram a portaria com balões, e alguns visitantes deixaram o local sob lágrimas. No último dia de funcionamento, o Playcenter teve filas em quase todos os brinquedos. Quem chegava recebia um bottom com os dizeres "curti até o último dia". Somando sexta, sábado e domingo, mais de 30 mil visitantes foram ao parque.
Depois, as atrações do parque ganharam um novo lar. Algumas estão no Animália Park, um localizado em Cotia (SP), o Splash e o barco Viking, por exemplo. Outros foram para o Parque da Criança, em São Bernardo do Campo.
O show tem que continuar
A empresa seguiu suas operações de uma maneira diferente. Manteve os Playlands e o Playcenter Family, um mini parques de diversões para a família, em shoppings centers.
O Playcenter Family fica localizado no shopping Aricanduva, em São Paulo, e funciona como um parque, mas menor. Conta com teatro, brinquedos, espaço para festas de aniversário e eventos para toda a família.
Os Playlands existem desde a década de 1980, antes do grande parque fechar. São espaços dentro de shoppings com atrações seguras como simuladores e carrosséis. Há unidades na Bahia (shopping da Bahia) e em São Paulo (shopping Eldorado, shopping Interlagos, shopping Center Norte, shopping União, shopping Grand Plaza e shopping Tatuapé).