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Prioridade das próximas conferências do clima deve ser o financiamento

21/02/2024 08h09

A prioridade das próximas conferências sobre as mudanças climáticas (COP) deve ser o financiamento da enorme transformação econômica e energética do planeta, declarou em uma entrevista à AFP a Secretária Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente do Brasil, Ana Toni.

Pela primeira vez na história das COP, os três países envolvidos na organização do encontro anual sobre mudanças climáticas anunciaram uma "troika" diplomática para facilitar o complexo processo de negociação nos próximos dois anos.

Emirados Árabes Unidos, que preside a atual COP28 até o próximo evento no final do ano, integra a aliança com o Azerbaijão (que receberá a COP29 no fim de 2024) e o Brasil, que será a sede da COP30, em Belém, em 2025.

PERGUNTA - Quais serão os próximos passos da troika?

RESPOSTA - Todas as nossas energias estão concentradas, no momento, em garantir o financiamento. A COP29 (em Baku) é absolutamente vital para o sucesso da COP30. Portanto, toda nossa energia está concentrada em ajudar o Azerbaijão a ter sucesso e para que possamos discutir os bilhões que necessitamos para garantir que os países em desenvolvimento e emergentes possam expressar a sua ambição.

Já celebramos duas reuniões e outra vai acontecer em breve, no Japão.

P - O presidente da COP28, Sultan al Jaber, alertou que "a transição energética provocará uma turbulência energética se nos concentrarmos apenas no fornecimento". O que você pensa deste ponto de vista?

R - Estamos vendo em muitos países, em particular na Europa, que, com base nas políticas que escolhemos, se não convencermos as pessoas a entrar nesta viagem, se os cidadãos não embarcarem, talvez acabemos dando um passo para frente e dois para trás politicamente.

P - O governo brasileiro reafirmou seu compromisso climático. Porém, ao mesmo tempo, na COP28, foi anunciado que o Brasil vai aderir à aliança OPEP+. O que é mais importante, prosseguir como líder na transição energética ou aumentar a produção de gás e petróleo?

R - Somos líderes no setor energético. Entre 90% e 91% de nosso setor está vinculado com as fontes renováveis. Então, não precisamos ter vergonha de nada, muito pelo contrário.

P - Qual é a situação da exploração de petróleo na região amazônica?

R - A Petrobras solicitou à instituição que decide as concessões uma licença para explorar, não para produzir. A concessão para esta pesquisa ainda não foi acordada. Vamos aguardar a decisão dos técnicos.

P - Podemos esperar algum anúncio importante sobre o desmatamento durante a COP30?

R - Nós já começamos o debate sobre como parar o desmatamento há muito tempo, e agora estamos no momento em que não estamos apenas debatendo, mas implementando medidas. Em termos de políticas, já estamos cumprindo, não somente do ponto de vista nacional, mas também com nossos vizinhos da bacia amazônica.

Do que não há dúvida é que não apenas o Brasil, mas a Indonésia, Congo, etc... todos estes países têm que garantir que a população que vive nestas regiões tenha o bem-estar e os direitos que merece.

jz/sag/fp

© Agence France-Presse

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