Ofensiva israelense tornaria Rafah 'um cemitério', alertam ONGs
Uma ofensiva terrestre israelense em Rafah tornaria a cidade da Faixa de Gaza "um cemitério" e aumentaria o risco iminente de fome, alertaram nesta terça-feira (20) líderes de grupos humanitários mundiais.
"As consequências de um ataque de grande escala a Rafah são inimagináveis", disse Avril Benoit, diretora executiva da Médicos sem Fronteiras (MSF) nos Estados Unidos. "Uma ofensiva militar ali a tornaria um cemitério", advertiu, durante uma entrevista coletiva que reuniu também a Refugees International, Oxfam, Anistia Internacional e outros grupos.
Cerca de 1,4 milhão de palestinos vivem em abrigos e barracas de campanha em Rafah. "É o último núcleo de serviços de saúde e assistência humanitária para a população de Gaza. Atacar Rafah significa, de fato, cortar o sustento de pessoas que já perderam tudo, exceto a vida", continuou Avril.
Jeremy Konyndyk, presidente da Refugees International, afirmou que os ataques israelenses tornaram "praticamente impossível" que os grupos humanitários atuem com segurança dentro de Gaza, e que existe um risco crescente de fome.
"Sobretudo no norte, as pessoas já estão à beira da fome. O risco, caso não se permita uma operação humanitária significativa que opere sem restrições, em larga escala, em toda a Faixa de Gaza, é a fome", previu Konyndyk.
"Essa fome irá se produzir não por algum fenômeno natural, e sim devido à forma como essa guerra está sendo conduzida e à negação persistente e intencional do acesso humanitário, principalmente por parte do governo israelense", acrescentou o presidente da Refugees International.
Konyndyk ressaltou que é difícil acreditar que a população de Rafah possa ser evacuada com segurança, porque não há outro local seguro para elas. "Um cessar-fogo é a única forma de evitar mais mortes e sofrimento em Gaza. Nossas equipes continuam testemunhando como pacientes não conseguem acesso a atendimento médico devido aos ataques persistentes contra as instalações de saúde e seus arredores", descreveu.
"Uma de nossas médicas em Rafah nos disse recentemente que escreve o nome dos seus filhos em seus braços e pernas, para que eles possam ser identificados facilmente caso morram em um bombardeio", contou Konyndyk.
cl/st/erl/mel/lb/am
© Agence France-Presse
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