Milei assume presidência da Argentina com crise econômica em foco
Por Nicolás Misculin e Candelaria Grimberg
BUENOS AIRES (Reuters) - O economista liberal argentino Javier Milei tomou posse como presidente do país neste domingo, em uma mudança brusca para o país sul-americano, que busca uma solução radical para a pior crise econômica das últimas décadas e para a inflação que se aproxima rapidamente dos 200%.
Milei, de 53 anos, ex-jornalista de TV que alcançou a fama com tiradas cheias de palavrões contra rivais, a China e o papa, recebeu a faixa presidencial do peronista Alberto Fernández em um Congresso lotado, com multidões reunidas do lado de fora.
O "outsider" de cabelos selvagens representa uma grande aposta para a Argentina: seu plano econômico de terapia de choque com cortes acentuados de gastos foi bem aceito pelos investidores e poderia estabilizar a economia em dificuldades, mas corre o risco de empurrar mais pessoas para a miséria, num momento em que mais de dois quintos da população já estão na pobreza.
Entretanto, os eleitores -- que levaram Milei à vitória em um segundo turno em novembro contra um candidato da coalizão peronista no poder -- disseram que estavam dispostos a arriscar suas chances comas ideias, às vezes radicais, de Milei, que incluem o fechamento do banco central e a dolarização da economia.
"Ele é a última esperança que nos resta", disse o médico Marcelo Altamira, de 72 anos, que criticou os governos "inúteis e ineptos" por anos de crises econômicas. O governo peronista que está saindo, segundo ele, "destruiu o país".
Os desafios são enormes. As reservas líquidas de moeda estrangeira da Argentina são estimadas em 10 bilhões de dólares no vermelho, a inflação anual é de 143% e está aumentando, uma recessão está próxima e os controles de capital distorcem a taxa de câmbio.
A Argentina passou por ciclos de expansão e recessão durante décadas, com impressão de dinheiro para financiar déficits regulares, alimentando a inflação e enfraquecendo o peso. Isso se agravou nos últimos anos, pois as reservas diminuíram com uma grande seca no início deste ano, que atingiu as principais culturas de soja e milho.
O país exportador de grãos precisa renovar um programa de empréstimos de 44 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional (FMI), enquanto Milei precisa manter os laços com importantes parceiros comerciais, China e Brasil, que ele criticou durante a campanha.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.